Disputa comercial é o principal motivo do esfriamento da economia global
Uma onda de otimismo tomou conta dos mercados financeiros no exterior após notícias de que Estados Unidos e China estariam próximos de um entendimento para encerrar a guerra comercial entre os dois países. O secretário de Comércio dos Estados Unidos, Wilbur Ross, afirmou, nesta sexta-feira (15/11), que um acordo comercial com a China será feito “com toda possibilidade”. “A China quer fazer um acordo, nós achamos que queremos um acordo, se for o acordo certo, então isso será feito com toda possibilidade”, declarou.
As afirmações do secretário animaram os investidores, que desencadearam um movimento de compra de ações nos Estados Unidos e na Europa. Na Bolsa de Valores de Nova York, os principais índices bateram recorde. O Dow Jones, que reflete, principalmente, ações de companhias do setor industrial, subiu 0,80%, rompendo a marca de 28 mil pontos. O Nasdaq, das empresas de tecnologia, teve alta de 0,73%.
O conflito entre EUA e China, marcado por sucessivas imposições de tarifas, de parte a parte, no comércio bilateral, tem sido o principal motivo, segundo analistas, da perda de ritmo da economia global. Se as barreiras forem reduzidas, o comércio tende a se recuperar, gerando um movimento de alta na economia que resultaria, em última análise, em maiores lucros das empresas — e valorização das ações. Os papéis das multinacionais particularmente sensíveis às turbulências das discussões sino-americanas se valorizaram: a Caterpillar subiu 1,33%; a Boeing, 1,10% e a Apple, 1,19%.
O bom humor contagiou também as principais bolsas da Europa, em resposta a declarações de outro funcionário graduado do governo norte-americano. Depois de várias sessões sem impulso, os índices subiram nesta sexta-feira (15/11), refletindo comentários animadores do assessor da Casa Branca Larry Kudlow, que disse, na noite de quinta-feira, que as negociações para um acordo comercial parcial estavam em fase de definição. O índice pan-europeu Stoxx 600 subiu 0,26%, aos 405,46 pontos, com leve alta semanal de 0,01%.
Tudo ou nada –Wilbur Ross minimizou, ainda, informações dos últimos dias que davam conta de dificuldades para o fechamento de um acordo com a China. Questionado sobre relatos recentes de que os chineses relutam a comprar a quantia em produtos agrícolas esperada pelo presidente norte-americano, Donald Trump, o secretário de Comércio Ross observou: “você não tem um acordo sobre nada até que tenha um acordo sobre tudo; então, não é surpresa que, nos últimos minutos [das negociações], peças estejam pulando”.
Ross também ressaltou que “o presidente não concordou em remover tarifas [à China], acho que ele deixou isso bastante claro”. Mas ponderou que um acordo de “fase 1” será “o primeiro grande passo” rumo a um entendimento bilateral.
A disputa comercial entre China e Estados Unidos vem causando preocupação desde o começo de 2018, quando Trump anunciou as primeiras restrições a produtos chineses. Desde então, houve várias tentativas de acordo, mas o que prevaleceu foi a escalada de medidas protecionistas. Em agosto passado, as tensões aumentaram, depois que a China desvalorizou o yuan e foi acusada pelos EUA de manipular as taxas de câmbio para aumentar as exportações de maneira artificial.