O premiê do Paquistão, Imran Khan, alertou nesta quarta-feira (14) que seu país responderá a qualquer agressão por parte da Índia em seu lado da Caxemira. Esse território montanhoso habitado principalmente por muçulmanos já foi a causa de duas das três guerras entre os dois Estados.
“O exército paquistanês tem informações sólidas de que [a Índia] pretende fazer algo na parte paquistanesa da Caxemira”, afirmou Khan em um discurso em Muzaffarabad, a capital desse território.
“Decidimos que, se a Índia cometer uma violação, vamos lutar até o fim”, acrescentou. “Chegou a hora de lhes ensinar uma lição”, disse ainda.
Trata-se de uma mudança de tom é muito clara do lado paquistanês. Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Shah Mehmood Qureshi, declarou que seu país não contemplava a opção militar. “Examinamos as opções políticas, diplomáticas e legais”, ele havia afirmado então.
No dia 7 de agoro, porém, Islambad anunciou a expulsão do embaixador indiano no Paquistão e convocou seu representante diplomático em Nova Délhi para consultas.
O governo paquistanês também suspendeu o comércio bilateral, uma medida mais simbólica, considerando-se os limitados vínculos comerciais entre ambos.
Fim da autonomia da Caxemira
As tensões entre os dois vizinhos e as potências nucleares aumentaram desde que a Índia revogou há dez dias a autonomia constitucional da parte da Caxemira sob seu controle e é reivindicada pelo Paquistão.
Os nacionalistas hindus também aprovaram no Parlamento alterações administrativas da região, que agora será formada por duas entidades distintas, Jammu-y-Kashmir e Ladakh. A medida, que busca colocar essa região rebelde sob uma tutela mais direta de Nova Délhi, foi declarada ilegal pelo Paquistão.
Os dois países disputam a Caxemira desde sua divisão em 1947, ao final da colonização britânica. A parte indiana da Caxemira está isolada do restante do mundo desde 4 de agosto. As autoridades indianas impuseram um bloqueio de comunicações e fortes restrições de tráfego.
Temendo manifestações em massa em um território onde uma insurreição separatista deixou 70 mil mortos desde 1989, o governo de Nova Délhi também mobilizou dezenas de milhares de soldados adicionais.
De acordo com o governador de Jammu-y-Kashmir, o toque de recolher imposto por parte da Índia na Caxemira sob seu controle será atenuado após as comemorações na quinta-feira do Dia da Independência. Já as comunicações por telefone e Internet continuam cortadas.
As autoridades reduziram as restrições de forma temporária no domingo passado para permitir que a população da Caxemira preparasse as celebrações da festa muçulmana do Aid al Adha, que começaram na segunda-feira.
Novas medidas foram adotadas após as manifestações que reuniram centenas de pessoas, de acordo com os moradores.
Ainda no domingo, Imran Khan comparou a falta de ação da comunidade internacional diante do que está acontecendo na Caxemira ao silêncio que cercou a ascensão do nazismo e o surgimento de Hitler na Alemanha nos anos 1930.