A junta militar que controla o poder no Sudão e a oposição assinaram um acordo político para os próximos três anos e três meses de transição no país, na presença de mediadores da União Africana (UA) e Etiópia. O pacto foi firmado na última quarta-feira (17). Grupo que lidera protestos no Sudão defende governo civil de transição com duração de 4 anos
O tratado é “um grande acordo que representa uma passo determinante e abre uma nova era”, enquanto estuda-se como criar uma nova Constituição, afirmou o mediador da UA, Mohammed Hassan Labat, em uma cerimônia da assinatura, transmitida pela TV estatal do Sudão.
Em abril, o ditador Omar al-Bashir foi derrubado por militares, após meses de protesto da população civil. Desde então, havia um conflito entre a junta militar que assumiu o poder e as entidades da sociedade civil.
Conselho Soberano terá civis e militares
Pelo entendimento firmado nesta quarta (17), um Conselho Soberano será formado para assumir o poder durante a transição e será composto por cinco civis, cinco soldados e uma pessoa consensual por ambas as partes. Os militares vão presidi-lo nos primeiros 21 meses, enquanto os civis vão fazer no resto do período.
Por parte dos militares, quem assinou o acordo foi Mohammed Hamdan Dagalo conhecido como Hemedti, vice-presidente e líder das Forças de Apoio Rápido (FAR) acusado de liderar o despejo violento do acampamento de protesto em frente a sede do Exército em Cartum, no início de junho, deixando mais de cem mortos.
Em um breve discurso após a assinatura do acordo em Cartum, capital do país, onde ocorreram as diferentes reuniões entre as partes, Hemedti agradeceu o trabalho de todos os envolvidos no acordo, sem entrar em detalhes sobre os pontos definitivos estipulados.
Entre os pontos de divergência que se tornaram públicos nos últimos dias estava a nomeação das autoridades judiciais e do procurador-geral, que as Forças da Liberdade e da Mudança rejeitaram foram nomeadas pelo chamado Conselho Soberano.
Além disso, a oposição não aceitou que os membros do Conselho Soberano tivessem “imunidade absoluta”, discrepâncias que as partes não esclareceram durante a cerimônia, de modo que por enquanto as incógnitas do pacto são desconhecidas.