Uma data para relembrar desafios e reafirmar compromissos
Maria Celina de Azevedo Rodrigues*
A atuação dos diplomatas brasileiros sempre foi marcada e reconhecida pela excelência em representar o País no exterior. O momento atual exige diálogo para definir estratégias e um olhar de 360 graus para analisar os benefícios e os riscos dos rumos da política externa brasileira e de sua posição perante à comunidade internacional.
O interesse da opinião pública pelas relações exteriores do Brasil é crescente. Como porta-voz da associação que representa mais de 1600 diplomatas brasileiros, entendo a época atual como uma oportunidade para divulgarmos ainda mais as diversas frentes de atuação desta tradicional carreira de Estado.
Os desafios enfrentados pelos membros do serviço exterior são muitos e estão presentes desde o início da carreira, quando passam por um concurso público rigoroso e, posteriormente, por um curso de formação. A ascensão dos diplomatas dentro da casa se dá a partir da aprovação de critérios rígidos e de demandas exigentes por parte das hierarquias superiores. A rotina errante e a necessidade de constante aperfeiçoamento para garantir uma interface eficaz com representantes de outras nações fazem parte do dia a dia dos diplomatas.
Uma forte tradição da nossa diplomacia é a habilidade nas tratativas de questões multilaterais. O desafio em priorizar os interesses comerciais brasileiros junto às comunidades internacionais, sem ferir princípios éticos de outras nações, é sempre levada em consideração pelos diplomatas do País.
A diversidade dos temas sob responsabilidade dos membros do Ministério das Relações Exteriores ainda é pouco conhecida pelos brasileiros. Há diplomatas que, diariamente, desempenham funções nas áreas administrativa, cultural, ambiental, energética, econômica, comercial, consular, ciência e tecnologia, proteção aos direitos humanos, cooperação, paz e segurança internacionais, entre outras, além das representações diplomáticas e consulares do Brasil no exterior.
Vale destacar que, em muitos países, o número de brasileiros residentes tem aumentado a cada ano. As demandas de nossos compatriotas no exterior são crescentes e vão desde situações de emergência, como repatriação, encarceramento, acidente, morte, perda, furto e emissão de documentos a casos de inadmissão em outras nações. Estes são alguns exemplos do quotidiano da assistência prestada pelo serviço consular.
É fundamental que os membros do serviço exterior brasileiro (que, pela própria natureza de seu trabalho, estão disponíveis 24 horas por dia) tenham condições para seguir desempenhando, com efetividade, as funções atribuídas a esta carreira de Estado. Nesse sentido, como entidade representativa, a Associação dos Diplomatas Brasileiros (ADB) finalizou um projeto de nova Lei do Serviço Exterior, cujo principal objetivo é, uma vez acordado com os tomadores de decisão do MRE, criar um marco jurídico moderno, transparente, claro e inclusivo, que atenda às necessidades dos integrantes do Serviço Exterior Brasileiro, particularmente, no que se refere à previsibilidade das regras de remoção e do fluxo de carreira.
A tradição da diplomacia brasileira em servir ao País e o desejo de vê-la forte e respeitada foi um compromisso firmado pelo Barão do Rio Branco ao assumir a pasta das Relações Exteriores. A comemoração do dia do diplomata no Brasil em 20 de abril ( Decreto n.º 66.217 de 1970) aniversário do Barão, é uma reafirmação por cada integrante da carreira diplomática daquele mesmo compromisso, o de servir à Nação com orgulho e entusiasmo.
*Maria Celina de Azevedo Rodrigues, embaixadora, é presidente da Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical), tendo chefiado a embaixada do Brasil em Bogotá, na Colômbia; a Missão do Brasil junto às Comunidades Europeias, em Bruxelas, na Bélgica; e o Consulado-Geral em Paris, França