Mudança climática ameaça 31 sítios do patrimônio cultural e natural, alerta ONU
Relatório da UNESCO, PNUMA e parceiro afirma que limitar o aumento da temperatura global é de vital importância para a proteção do Patrimônio Mundial para as gerações atuais e futuras. As grutas da Elefanta, na Índia e algumas reservas da floresta atlântica brasileira estão entre os patrimônios ameaçados.
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Legenda: As Grutas de Elefanta, na Índia, sítio do Patrimônio Mundial cultural em risco potencial devido às mudanças climáticas, em meio ao aumento do nível do mar. Foto: Vaikoovery/Wikimedia/CC
Um relatório divulgado no final de maio pela UNESCO, pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) e pela União de Cientistas Preocupados (UCS, em inglês Union of Concerned Scientists) apontou que pelo menos 31 sítios do Patrimônio Mundial em 29 países em todo o mundo estão cada vez mais vulneráveis aos efeitos da mudança climática. Os sítios são naturais ou culturais, destacou o documento.
O relatório intitulado “Patrimônio Mundial e Turismo diante da mudança climática” documenta os impactos climáticos em locais turísticos emblemáticos como Veneza, Stonehenge e as Ilhas Galápagos, entre outros.
“Os governos do mundo, o setor privado e os turistas precisam coordenar esforços para reduzir as emissões de carbono e proteger os recursos naturais e culturais mais preciosos do mundo do impacto das atividades de turismo”, disse Elisa Tonda, chefe da Unidade de Indústria Responsável e Cadeia de Valor do PNUMA.
“Políticas para dissociar o turismo de impactos sobre recursos naturais, emissões de carbono e dano ambiental vão engajar o setor privado responsável, e promover mudanças no comportamento dos turistas, a fim de cumprir-se o potencial do setor em alguns dos lugares mais visitados do mundo”, acrescentou.
Apontando que o Patrimônio Mundial deve ter “valor universal excepcional”, o relatório recomenda que o Comitê do Patrimônio Mundial deve considerar o risco de que sítios potenciais se degradem pela mudança climática antes mesmo que sejam adicionados à lista.
O relatório destaca a necessidade urgente de se identificar os sítios do Patrimônio Mundial que são mais vulneráveis às mudanças climáticas, para que se implemente políticas e se forneça recursos para diminuir a vulnerabilidade destes locais.
Além disso, o relatório pede um maior esforço global para atender ao Acordo de Paris sobre o clima, a fim de preservar sítios do Patrimônio Mundial para as gerações futuras.
“Globalmente, precisamos entender melhor, monitorar e combater as alterações climáticas que ameaçam os sítios do Patrimônio Mundial”, disse Mechtild Rössler, diretora do Centro do Patrimônio Mundial da UNESCO. “Como as conclusões do relatório enfatizam, alcançar o objetivo do Acordo de Paris e limitar o nível de aumento da temperatura global a menos de 2 graus Celsius é de vital importância para a proteção do nosso Patrimônio Mundial para as gerações atuais e futuras.”
O relatório também recomenda envolver o setor do turismo nos esforços para gerir e proteger locais vulneráveis em virtude das mudanças climáticas, e também para educar os visitantes sobre as ameaças climáticas. “A mudança climática está afetando sítios do Patrimônio Mundial em todo o mundo”, disse Adam Markham, o principal autor do relatório e diretor adjunto do Programa de Clima e Energia da UCS.
“Algumas estátuas da Ilha de Páscoa correm o risco de serem engolidas pelo mar por causa da erosão costeira. Muitos dos mais importantes recifes de coral do mundo, incluindo nas ilhas de Nova Caledônia, no Pacífico ocidental, sofreram branqueamento do coral sem precedentes, ligado à mudança climática deste ano. As mudanças climáticas poderão, eventualmente, até mesmo fazer com que alguns sítios do Patrimônio Mundial percam seu status”, acrescentou.
O relatório inclui uma lista completa dos sítios do Patrimônio Mundial que estão em risco. Acesse aqui.