No 49º aniversário do país embaixador Zulfiqur Rahman ressalta a Guerra da Libertação de Bangladesh e a relação com o Brasil
Raquel Pires
Na noite de terça-feira (26), o embaixador Rahman e a embaixatriz Shameen Akter receberam convidados no Porto Vitória, no Setor de Clubes Sul, para a celebração do aniversário da independência de Bangladesh. Em seu discurso, o embaixador lembrou a história do país e a Guerra da Libertação, que fez com que Bangladesh se separasse do Paquistão.
Durante a recepção, vídeos sobre o país foram exibidos aos presentes e uma apresentação musical com tambores e de dança bengali abrilhantou a noite.
Resumindo os acontecimentos aos presentes, o diplomata afirmou que 26 de março é considerado o dia mais importante para a população de Bangladesh. Depois de dois séculos de colonialismo inglês, a Índia Britânica foi dividida em dois países em 1947: a Índia e o Paquistão. “Nos tornando parte do Paquistão, mas não tínhamos nada em comum com eles a não ser a religião, o Islamismo. Éramos povos diferentes historicamente e linguisticamente”. Mesmo constituindo 56% da população do Paquistão, os bengaleses passaram a enfrentar outra forma de colonialismo.
Conforme salientado por Zulfiqur Rahman, em 1948, as autoridades do Paquistão declararam que apenas o curdo seria a língua oficial do país e ignoraram a demanda dos bengaleses de ter sua língua materna também como língua oficial. “A polícia matou muitos estudantes que demonstraram sua insatisfação no dia 21 de fevereiro 1952. Durante os anos no Paquistão nossa história foi marcada por repressão política, econômica e racismo cultural contra a população bengali”.
Após anos de conflitos dentro do Paquistão, foi na noite de 26 de março de 1971, que paquistaneses lançaram um ataque militar contra bengaleses desarmados, dando início assim, a independência bengali e a Guerra da Libertação, que perdurou por 9 meses. “Nós perdemos 3 milhões de bengaleses durante os 9 meses de guerra da libertação e conquistamos nossa vitória em 16 de dezembro de 1971. Por essa causa, nossa independência é muito importante para nós, ressaltou o embaixador.
Destacando que Bangladesh iniciou como um país “completamente destruído e devastado”, o embaixador afirmou que o país deu a volta por cima e que hoje tem muitas coisas para se orgulhar. “Em 2018 Bangladesh foi qualificado para se tornar um país em desenvolvimento e registrou um crescimento de 6 a 7% nas últimas duas décadas. Alcançamos um alto nível de desenvolvimento em todos os índices de desenvolvimento humano e social”.
BRASIL E BANGLADESH – A relação bilateral com o Brasil também foi ressaltada pelo embaixador que apontou o Brasil como um grande parceiro do país. Ainda indicou que novos acordos estão em desenvolvimento. “Em todos esses anos, o Brasil estava conosco com as melhores relações. Agora estamos trabalhando para levar o relacionamento para o próximo nível que inclui cooperação bilateral, agricultura, pecuária, ciência e tecnologia, saúde e assim por diante”.
Com trocas comerciais em 2018 que totalizaram 1,3 bilhão de dólares, o representante do Itamaraty, o diplomata Reinaldo José de Almeida Salgado afirmou que desde 2017, em que foi realizada a primeira reunião de consultas políticas entre os dois países, inciativas para cooperações em áreas promissoras são discutidas.
Durante o evento, o representante do Itamaraty se disse surpreso com o potencial de Bangladesh mostrado pelos vídeos confirmou que o Brasil foi um dos primeiros países a estabelecer relações diplomáticas com Bangladesh em 1972. “Também fomos primeiro país latino-americano a abrir uma embaixada na capital de Bangladesh, Daca, em 1974. Então, sentimo-nos próximos do processo de independência do país”.
Segundo Reinaldo Salgado, nos 47 anos de relações diplomáticas entre os países foi possível construir um relacionamento amistoso e cordial em que ambos “mantém positiva coordenação em foros multilaterais com frequentes apoios recíprocos nas votações dos diversos organismos internacionais”, salientou o embaixador.