Comex do Brasil
O Brasil receberá nesta semana (de 26 a 29) uma das mais importantes missões comerciais já enviadas ao País pelo governo da Nigéria, chefiada pelo ministro da Indústria, Comércio e Investimentos, Hajiya Aisha Abubakar, e integrada por 70 funcionários de órgãos governamentais e de empresas privadas do país africano.
Entre os objetivos da missão se destacam promover o comércio e os investimentos entre os dois países em setores-chave incluindo a agricultura e o agronegócio envolvendo o chamado Setor Agro-aliado (arroz, açúcar e cadeia de valor do carité (uma árvore encontrada exclusivamente nas savanas da África Ocidental).
Também serão abordadas possibilidades de cooperação nas áreas dos serviços financeiros e bancários, fabricação e processamento em couros, alimentos e têxteis, pequenas e médias empresas e no setor automobilístico e de autopeças, entre outros.
Em Brasília, os representantes do governo nigeriano terão reuniões com o ministro da Economia, Paulo Guedes e com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Agência de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) e depois seguirão para São Paulo para cumprir uma progamação que prevê reuniões na Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e encontro com o prefeito Bruno Covas.
Principais objetivos da visita
A visita das autoridades nigerianas ao Brasil terá como tema “Expandindo as Relações Comerciais e de Negócios Nigéria-Brasil” e segundo o Ministério da Indústria, Comércio e Investimentos, entre os principais objetivos da missão merecem ser destacados:
- fornecer informações sobre o ambiente de negócios do Brasil e oportunidades disponíveis;
- criar uma plataforma para a discussão das maneiras pelas quais as oportunidades de negócios podem ser realizadas;
- explorar os pontos fortes dos setores identificados e combiná-los com os potenciais dos dois países;
- capacitar os participantes a atender seus interesses estratégicos, proporcionando oportunidades de networking e avenidas para o desenvolvimento de possibilidades bilaterais de comércio e investimentos;
- gerar oportunidades para negociações individuais com potenciais investidores e fornecer oportunidades para futuros investimentos que merecem ser explorados.
Em termos concretos, a missão visa promover o comércio e o investimento direto entre os dois países em setores-chave, como a agricultura, cadeias de valor do açúcar, serviços financeiros, manufatura e processamento de couros, alimentos, produtos têxteis, pequenas e médias empresas, automobilístico e de autopeças.
Durante a visita ao Brasil haverá uma discussão aprofundada sobre as oportunidades de negócios existentes nos dois países e as melhores maneiras de explorá-las. Para tratar de uma agenda tão vasta, a Nigéria está enviando ao Brasil uma expressiva delegação formada por 71 funcionários do governo e da iniciativa privada com interesse em realizar negócios no Brasil.
Além do ministro Hajiya Aisha Abubakar integrarão a missão representantes dos Ministérios da Indústria, Comércio e Investimentos, do Interior e da Imigração, da Autoridade das Zonas de Processamento de Exportações, dos Bancos Centrais e da Indústria, das Câmaras de Comércio de Abuja e Lagos, da Agência Nigeriana das Pequenas e Médias Empresas, do Conselho Nacional Automotivo para Design e Desenvolvimento e de Concessionárias de Automóveis, da Associação dos Importadores da Nígéria (máquinas e implementos agrícolas em especial) e diversos outros.
Nas reuniões em Brasília e São Paulo também serão debatidos temas ligados à implementação do megaprojeto de US$ 1 bilhão assinado há pouco mais de dois meses pelos governos do Brasil e da Nigéria voltado para o setor agropecuário. De início o projeto prevê a exportação de 10 mil tratores e cerca de 50 mil máquinas e equipamentos brasileiros que serão montados na Nigéria. A expectativa é de que no médio prazo o projeto contribuirá de forma significativa para um forte aumento do fluxo de comércio entre os dois países.
Comércio bilateral
A busca de iniciativas capazes de promover a retomada do comércio bilateral será um dos destaques nos contatos em Brasília e também em São Paulo. O intercâmbio entre os dois países alcançou seu auge entre os anos de 2006 e 2015, período em que o Brasil acumulou um déficit de US$ 57,7 bilhões nas trocas comerciais com o país africano.
Em 2013, quando foram registradas as cifras recordes nas trocas entre os dois países, as vendas nigerianas somaram US$ 9,648 bilhões, enquanto as exportações brasileiras foram de apenas US$ 876 milhões, gerando um saldo negativo de US$ 8,772 bilhões em um único ano.
Nos dois primeiros meses de 2019 o comércio com a Nigéria vem apresentando números preocupantes e eles certamente estarão no centro das conversações entre as autoridades dos dois países nas reuniões a serem realizadas hoje e amanhã em Brasília e também nos encontros programados para São Paulo.
No primeiro bimestre do ano, as exportações brasileiras para a Nigéria tiveram uma forte queda de 44,6% e totalizaram pouco mais de US$ 81 milhões. Contração igualmente expressiva foi registrada nas vendas nigerianas para o Brasil, que desabaram US$ 44,22% para US$ 108 milhões.
Com esses números, a Nigéria fica cada vez mais distante de uma posição relevante ocupada no passado, quando figurou entre os dez maiores parceiros comerciais do Brasil em todo o mundo. No acumulado deste ano, o país africano foi o 51º. país de destino das exportações brasileiras e o 40º. entre os maiores exportadores para o Brasil. Tanto as autoridades brasileiras quanto as nigerianas acreditam que esse quadro poderá ser revertido e apostam que isso acontecerá com a implementação do projeto de cooperação no setor agropecuário e também com as oportunidades de negócios que certamente serão detectadas e exploradas durante e após a vinda ao Brasil da mais expressiva missão já enviada ao País pelo governo nigeriano.