Com bandeiras nas cores verde, branco e vermelho, milhares de pessoas se reuniram no mausoléu do imã Khomeini, em Teerã
Por France Presse
Cantos à glória do Islã e à nação iraniana, palavras de ordem antiamericanas ou contra a dinastia saudita: o Irã lançou nesta sexta-feira (1º) as cerimônias que marcam o 40º aniversário de sua Revolução Islâmica.
Com bandeiras nas cores verde, branco e vermelho, milhares de pessoas se reuniram no mausoléu do imã Khomeini, em Teerã, a pedido das autoridades.
Como todos os anos, as comemorações começaram às 9h33 (4h03 de Brasília), hora do pouso em Teerã, em 1º de fevereiro de 1979, do avião da Air France que trouxe de volta depois de mais de 14 anos de exílio o aiatolá Ruhollah Khomeini, pai da Revolução e primeiro guia da República Islâmica do Irã.
Normalmente, o “sino da revolução” toca nesse horário em todas as escolas do país a cada 1º de fevereiro. Este ano, soará no sábado, sendo a sexta-feira, que dia de descanso semanal no Irã.
Falando de comemorações em todo o país, a agência de notícias Isna transmitiu um vídeo mostrando barcos soando suas sirenes no porto de Bandar-Abbas (sul) às 9h33.
No mausoléu do imã Khomeini, no sul de Teerã, um coro masculino cantou um hino: “Irã, lar da esperança, nosso guia [é] o guia dos homens livres […] Graças ao velayat [“o governo do jurista muçulmano”, modelo político teorizado por Khomeini], estamos vivos e perduramos”.
‘Década do Alvorecer’
Clérigos xiitas, civis, homens, mulheres, militares vão até o mausoléu, que é sustentado por colunas impressionantes. Vestidos com coletes e bonés nas cores nacionais (verde, branco, vermelho), cerca de 200 crianças exibiam uma grande bandeira iraniana.
Sentado em uma plataforma sob os retratos de Khomeini e do aiatolá Ali Khamenei, guia supremo da República Islâmica desde a morte de seu fundador em 1989, o aiatolá Ahmad Jannati, um dos hierarcas, fala à multidão repetindo as condenações clássicas contra os Estados Unidos.
“Amaldiçoados sejam aqueles que pensam erroneamente que não podemos administrar este país sem a ajuda dos Estados Unidos. O poder da América está em declínio, não devemos ter medo da América”, diz o clérigo nonagenário, que preside a Assembleia de Especialistas, instituição encarregada de nomear o guia supremo.
“Allah Akbar” (“Deus é grande”), “Morte à América”, “Morte a Israel”, “Morte aos sauditas”. Os participantes não esquecem de entoar orações ou slogans rituais em tais circunstâncias.
No Irã, o dia 1º de fevereiro marca o primeiro dia da “década do Alvorecer”, o período de dez dias entre o retorno de Khomeini e a vitória final da Revolução, em 11 de fevereiro de 1979 (o 22 do mês de bahman 1357 de acordo com o calendário iraniano).
Há várias semanas, a televisão estatal multiplica as emissões dedicadas à Revolução e aos 40 anos de história da República Islâmica.
‘Confiança ao povo’
Na rotatória “Parkway”, no norte da cidade, os murais para a glória dos “mártires” da Revolução e da guerra Irã-Iraque (1980-1988) foram renovados e embelezados com novas decorações geométricas.
Duas exposições organizadas pelas Forças Armadas foram inauguradas na capital para mostrar todas as armas projetadas pelo Irã nos últimos 40 anos. Atacada pelo Iraque em 1980, a jovem República Islâmica foi forçada a estabelecer rapidamente uma indústria de defesa nacional que hoje é o orgulho das autoridades.
O 40º aniversário da Revolução acontece em um momento de dificuldades econômicas para o Irã.
A recuperação comercial e financeira esperada como resultado do acordo nuclear assinado em 2015 com a comunidade internacional não se materializou, e o país sofre com a reintrodução das sanções americanas após a retirada unilateral dos Estados Unidos deste pacto em 2018.
Na conta oficial do governo no Twitter, uma imagem estilizada mostrando uma bandeira iraniana e uma multidão ostenta a seguinte mensagem do presidente Hassan Rohani: “Confiar no povo, tal era a maior qualidade do imã” Khomeini.