País vendeu 1,68 milhão de sacas à região no ano passado. Líbano é o principal mercado do bloco, mas a Síria surpreendeu em segundo lugar
Thais Sousa
tsousa@anba.com.br
O Brasil exportou seu maior volume de café dos últimos dois anos, com 35,2 milhões de sacas de café embarcadas em 2018, informa relatório do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) divulgado nesta terça-feira (15). O número reflete um aumento de 13,9% sobre 2017. Já a receita cambial foi de US$ 5,1 bilhões, decréscimo de 3% em relação ao ano anterior.
Dentro deste total, os países árabes representaram 5% do mercado consumidor do café brasileiro. O bloco teve aumento de 19% nas importações sobre o ano anterior, com 1,68 milhão de sacas adquiridas em 2018. “A taxa de crescimento da Síria, mesmo com as dificuldades enfrentadas por lá, chama atenção. Houve aumento de 2% entre 2018 e 2017. Eles têm comprado cada vez mais café brasileiro. Já o Catar também cresceu e foi destaque com 10% mais importações do produto do Brasil neste último ano”, disse Eduardo Heron, diretor técnico do Cecafé, em entrevista coletiva realizada em São Paulo.
No bloco, o maior importador do produto brasileiro é o Líbano, com um total de 521 mil sacas de 60 quilos em todo ano de 2018. Esse montante corresponde a 30,86% do que os países árabes compraram e representa um aumento de 23% em comparação com 2017. Em seguida vem a Síria, 304 mil sacas em 2018, a Jordânia (219 mil sacas), a Tunísia (171 mil sacas), Arábia Saudita (133 mil sacas) e Emirados Árabes Unidos (114 mil sacas).
Entre as variedades exportadas, o volume total de café robusta embarcado à região chama atenção, pois passou de 8,7 mil sacas em 2017 para mais de 33 mil em 2018. Já a receita cambial das exportações ao bloco foi de US$ 228,7 milhões em 2018. Houve uma queda de 1,6% em relação a 2017.
No que diz respeito ao preço médio das exportações totais do Brasil, o valor ficou em US$ 144,53 por saca, queda de 14,9% sobre o valor de 2017. Vale lembrar que o País produziu uma safra recorde de café no ano passado, com quase 60 milhões de sacas colhidas.
Sobre o novo governo brasileiro, que tomou posse em 1º de janeiro, Nelson Carvalhaes, presidente do Cecafé, espera que as decisões com relação às exportações estejam em sintonia com o setor. “É de suma importância que seja mais de cunho técnico nessa gestão”, defendeu Carvalhaes. Sobre a relação com os países da Liga Árabe, o Conselho espera manter o patamar alcançado. “Os países árabes são grandes parceiros nossos. Eu espero que [para 2019] isso permaneça e eles bebam mais cafés”, declarou.
Cafés diferenciados
Segundo o Cecafé, o resultado das exportações ficou acima do esperado num ano que marcou a recuperação do café brasileiro no comércio global. No segmento de cafés especiais foi registrado um aumento de 21,3% nos embarques de 2017 para 2018, totalizando 6,2 milhões de sacas. Estes são produtos que têm qualidade superior ou algum tipo de certificado de práticas sustentáveis.
“Tudo indica que em 2019 os resultados serão ainda melhores, com a possibilidade de bater novo recorde. O Brasil tem, na estrutura de sua cadeia cafeeira, condições de sustentar essa performance, uma vez que o consumo global cresce numa média de 2% ao ano, podendo chegar a 170 milhões de sacas até 2020. O café brasileiro é o mais sustentável do mundo e deverá atender 40% do mercado global em poucos anos”, afirmou Carvalhaes em nota.
Entre as variedades exportadas, o café robusta cresceu 738,3% em relação a 2017, com 2,5 milhões de sacas. Já o arábica apresentou aumento de 7,1% na mesma comparação, para 29 milhões de sacas.
Em dezembro de 2018 foram exportadas 3,7 milhões de sacas de café, recorde histórico para o mês e crescimento de 22,5% em relação a dezembro de 2017. A receita cambial no mês foi de US$ 509,1 milhões e o preço médio foi de US$ 137,38 por saca. No compilado do ano civil de 2018, o maior comprador de café brasileiro seguiu sendo os Estados Unidos, com 6,2 milhões de sacas (17,6% das exportações totais). A principal via para escoar o café brasileiro é o Porto de Santos, que em 2018 teve 80,8% de participação (28,4 milhões de sacas).