Coral se apresenta em importante festa tradicional de Natal na Embaixada da Suécia
Raquel Pires
Fotos: Divulgação/Embaixada da Suécia
A célebre recepção do Luciadag foi organizada na sede da representação diplomática pelo Embaixador Per-Arne Hjelmborn, , no último dia 13. A data marca um dos momentos mais importantes das comemorações natalinas. O dia de Sankta Lucia (ou Santa Luzia, em português) celebra Santa Lucia de Siracusa, considerada a patrona dos cegos, protetora dos olhos, também uma figura mística e símbolo de luz dos escuros invernos suecos.
O embaixador Hjelmborn falou sobre a felicidade de se comemorar o dia de Sankta Lucia na data correta aqui no Brasil, pois muitas vezes as celebrações as embaixadas acontecem alguns dias antes ou depois. E também comentou sobre a alteração de horário na festa feita no Brasil, que começou às 19h. “É uma alegria especial poder celebrar neste ano essa bela festa na data certa, hoje 13 de dezembro. Em várias creches, hospitais e locais de trabalho na Suécia, esta data está sendo comemorada. Estamos trazendo um pouco da cultura sueca para vocês e só fizemos uma pequena alteração no horário, pois não conseguiríamos um público tão grande começando nossa celebração às 6h da manhã, como é costume na Suécia”, brincou.
No Dia de Sankta Lucia é comum ver por toda a Suécia diversas procissões e corais. Geralmente acompanhados de mais pessoas, esses grupos vão a escolas, hospitais, lojas e outros lugares cantando e distribuindo pãezinhos de açafrão (Lussekatter) e biscoitos de gengibre (Pepakakkor). O coro de natal é parte fundamental deste momento. “Outro componente muito importante nessa comemoração é o coral de natal que traz músicas bem tradicionais da Suécia. Essas canções são conhecidas desde criança pelos suecos, até fazemos uma brincadeira, dizendo que para fazer parte da equipe da embaixada da Suécia tem que participar no coro”, comentou o embaixador.
Nos corais, a menina que representa Lucia usa uma túnica branca com fita vermelha na cintura e simbolizando o surgimento da luz na escuridão, uma coroa de velas. Este ano a filha do embaixador representou a santa, o que deixou a festa mais especial e emocionante. “Hoje, como pai, tenho um orgulho especial, pois a santa Lucia será representada pela minha filha Ottilia, que preparou um belo presente de natal musical para vocês”. Per-Arne Hjelmborn também cantou juntamente com as outras crianças no coral e muitas pessoas presentes se emocionaram com a cantata.
CRIANÇAS PROTEGIDAS – Esse ano o tema do coral foi Meio Ambiente e Mudanças Climáticas. Porém outro tema também foi escolhido este ano: o direito das crianças. Para o diplomata ”faz muito sentido, pois é uma festa sobretudo para as crianças”. Por essa razão, a Fundação Childhood, criada pela Rainha Silvia da Suécia e voltada para a proteção da infância, marcou presença no evento.
Criada em 1999 pela Rainha Silvia da Suécia, a Childhood Brasil faz parte da World Childhood Foundation (Childhood), instituição que conta ainda com escritórios na Suécia, na Alemanha e nos Estados Unidos. A missão da entidade é promover e defender os direitos das crianças e dos adolescentes, com foco na questão da violência sexual, desenvolvendo e apoiando programas que visem preservar sua integridade física, psicológica e moral.
A Childhood Brasil trabalha por meio de programas e projetos para que a proteção da infância e da adolescência seja pauta de políticas públicas e privadas. Para fazer isso, parcerias com empresas, sociedade civil e governos são formadas e é oferecido informação, soluções e estratégias para a questão da violência sexual contra crianças e adolescentes.
Segundo Heloisa Ribeiro, diretora executiva da fundação, a rainha deu uma missão há 19 anos de lutar com coragem para enfrentar a violência sexual contra crianças e adolescentes. “O abuso e a exploração sexual é algo extremamente complexo que acontece no mundo todo, porém ainda é tratado como tabu pela maioria das pessoas. No Brasil os números assustam. A cada 15 minutos, uma criança sofre de abuso sexual e ele acontece em todas as classes sociais, raça e gêneros”.
Para Ribeiro, o ato é uma violência sem fronteiras e o compromisso com a Rainha Silvia é desenvolver projetos no Brasil financiados localmente para permitir que crianças sejam apenas crianças. “Por isso estamos aqui hoje convidando vocês a se juntarem a nós e a Rainha nessa causa de proteção à infância, especialmente em 2019, ano em que a fundação Childhood completa 20 anos”.
HISTÓRIA – Segundo a tradição da Igreja Católica, Santa Lucia de Siracusa foi uma jovem italiana que viveu na Sicília e morreu por volta do ano 304. De acordo com uma das muitas lendas associadas à sua vida, ela levava comida aos cristãos que sofriam perseguição das autoridades romanas e que viviam em catacumbas. No entanto, para que ela pudesse carregar os alimentos com ambas as mãos e ao mesmo tempo encontrar o caminho através da escuridão, Lucia criou uma coroa de velas para ser usada sobre a cabeça para iluminar sua direção.
Apesar do Luciadag ser celebrado na Suécia desde o século 18 (a primeira aparição registrada de uma Lucia vestida de branco e com uma coroa de velas foi em 1764), foi apenas ao longo do tempo que Sankta Lucia se tornou uma figura do folclore sueco e sem ligação com a religião. Na tradição nórdica, além de iluminar uma das mais escuras, longas e frias noites do ano com sua coroa de velas, ela lidera um coral de duendes, bonecos de gengibre e outras figuras folclóricas.