O escritor e cientista social Dr. Clayton Cunha lançou na última segunda-feira (10), na embaixada da Bolívia, livro que busca entender a construção política do país ao longo dos anos
Raquel Pires
Fotos: Eliane Loin
“Formação do Estado e Horizonte Plurinacional da Bolívia” é uma obra busca compreender e explicar as influências das tradições Liberal, Indianista e Nacional-Popular bolivianas na construção do atual governo boliviano , inaugurado com a Constituição de 2009. O livro busca reconstruir a trajetória das três tradições ao longo da história boliviana e como a memória delas influenciou os contornos e as possibilidades de redefinição do novo Estado.
O lançamento contou a presença de autoridades do corpo diplomático, jornalistas e bolivianos, além do embaixador da Bolívia, José Kinn Franco. O diplomata comentou sobra a importância da pesquisa e como ele destaca a trajetória daquele país. “Esse livro tem muita informação bem trabalhada e organizada sobre a história da Bolívia e sobre o processo que acontece no governo de Evo Morales que tem medidas e transformações profundas, as quais mudaram a realidade da Bolívia de um jeito permanente e constante”. O embaixador complementou que essa mudança foi realmente significativa, tendo em vista que “agora a Bolívia tem um crescimento de mais de 4% no PIB todos os anos. Nós não temos crises, temos estabilidade econômica e política. E o livro explica como isso aconteceu”, conta.
Foi em um período importante da história boliviana que o autor do livro, Clayton Cunha chegou ao país. “Fui para a Bolívia pela primeira vez por turismo, como mochileiro e coincidiu que a viagem foi na semana que Evo Morales (presidente boliviano) assumiu o governo pela primeira vez”, relembra Clayton. O autor estava terminando o curso de ciências sociais na Universidade Federal do Ceará e já tinha interesse na política latino-americana, logo “prestei muita atenção no que estava acontecendo ali”, lembra.
O estudo sobre a história boliviana e sua política surgiu de repente, segundo conta Cunha, durante o seu mestrado e doutorado. “Por coincidência, depois que me formei e fui fazer mestrado no Rio de Janeiro, tinha um grupo de pesquisa lá chamado Observatório Político Sul-americano. No primeiro mês que eu estava na universidade surgiu uma vaga justamente para estudar a Bolívia”. Essa foi a chave que levou a criação da publicação. “Me candidatei e desde então segui estudando sobre o país. Fiz meu mestrado e doutorado sobre a Bolívia e o livro foi a partir da minha tese de doutorado na UERJ”, afirma.
Clayton declarou que a Bolívia era um país extremamente frágil e um dos problemas principais era a instabilidade política. Porém após passar por um período turbulento, tem vivido momentos de estabilidade e que muitos países podem tirar lições de sua história. “Agora o país conseguiu refundar esse estado com bases muito mais adequadas a realidade social e demográfica e tem, de fato, conseguido um êxito muito grande nessa estabilidade política e crescimento econômico que antes não tinha. Então esse processo é algo que funcionou bem lá e outros países poderiam aprender com eles”.