Ana Cristina Dib
Rondônia planeja missão empresarial aos países árabes em 2019
A capital de Rondônia, Porto Velho, recebeu nesta segunda-feira (15) um workshop sobre o mercado árabe e lideranças locais já planejam novas ações para fazer o estado crescer como parceiro comercial dos países da região. O encontro reuniu representantes de empresas e de associações, que puderam conhecer um pouco mais sobre os mercados árabe e africano.
O encontro ocorreu na Federação das Indústrias do Estado de Rondônia (Fiero), com a presença de cerca de 30 pessoas, que ouviram apresentações da Câmara de Comércio Árabe Brasileira e da Câmara de Comércio Afro-Brasileira (Afrochamber), em uma iniciativa conjunta com o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Rondônia (Sebrae-RO).
A partir da experiência está sendo planejada uma missão de empresas rondonianas para os países árabes em busca de investimentos. Segundo o superintendente do Sebrae em Rondônia, Valdemar Camata Júnior, serão elencados planos de negócios que possam ser apresentados a investidores em viagem no ano que vem. A ideia é propor, por exemplo, joint-ventures, investimento private equity ou aporte de capital.
Camata acredita que o estado tem potencial para atrair investimentos árabes em setores que possam atender o mercado mundial. O superintendente falou à ANBA que Rondônia é conhecida por ser uma das novas fronteiras agrícolas brasileiras e está em franco desenvolvimento. O estado tem 14 milhões de bois, é o quinto maior exportador de carnes do Brasil e o oitavo maior produtor de leite. “O estado tem um terço da indústria de alimentos no Norte do Brasil”, afirmou Camata.
Mas ele acredita que o potencial do estado para parcerias comerciais com os árabes vai além da carne e do leite, e abrange áreas como as de grãos, soja, milho e café, além da mineração. Rondônia produz minerais como estanho, manganês, ouro, nióbio e diamantes. O superintendente do Sebrae-RO percebe três possibilidades para o estado com os árabes: atender o mercado da região com seus produtos, comprar mais fertilizantes destes países e atrair investimentos.
Do workshop na sede da Fiero participaram empresas de vários portes, entre elas produtoras de alimentos como carnes, castanhas e peixes, e de outros segmentos como construção, educação e de confecção. Entre as autoridades, participaram do encontro o governador do estado, Daniel Pereira, o prefeito de Porto Velho, Hildon Chaves, o presidente da Fiero, Marcelo Thomé, o presidente da Afrochamber, Rui Mucaje, e o CEO da Câmara Árabe, Michel Alaby.
Juntamente com a executiva de Negócios Internacionais da Câmara Árabe, Fernanda Baltazar, Alaby deu aos presentes um panorama sobre o mercado árabe e respondeu perguntas. Os empresários foram convidados a participar de missões para os países árabes, entre elas a que a Câmara Árabe promove ao Catar em dezembro e a que o Itamaraty e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) realizam ao Egito em novembro.
Em entrevista à ANBA, Alaby destacou o potencial do estado na área agroalimentar e a vontade de atrair capital árabe. Ele lembrou que Rondônia já exporta carne bovina para o Egito e que estas vendas geraram US$ 110 milhões de janeiro a setembro deste ano. Alaby afirma que vê ainda potencial para o estado fornecer aos árabes produtos como castanha, peixes, café, milho, frutas e gado vivo. “Rondônia tem solo fértil e não tem problema de água”, disse o CEO da Câmara Árabe.
Mucaje acredita na possibilidade de um trabalho conjunto entre Rondônia, a Afrochamber e a Câmara Árabe para levar a países africanos a tecnologia agrícola utilizada pelos rondonianos, com financiamento de países árabes. Ele conta que a Afrochamber já tem um trabalho de parceria com Rondônia e na última feira Rondônia Rural Show participaram representantes de 12 países africanos. A Afrochamber também já trabalha em parceria e em sinergia com a Câmara Árabe.
No final da tarde, as lideranças envolvidas na organização do encontro conversaram sobre como continuar o trabalho de aproximação comercial entre empresários árabes, africanos e rondonianos. Camata falou à ANBA que ficou muito satisfeito com o evento e que o encontro superou as suas expectativas em relação ao conjunto de ideias e propostas para dar sequência ao trabalho.