Presidente das Filipinas admite pela primeira vez ter autorizado execuções extrajudiciais na sua campanha antidrogas, que já resultou na morte de 4.800 suspeitos de consumo e tráfico em todo o país.
Por G1
O presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte, admitiu pela primeira vez a existência de “execuções extrajudiciais” durante a campanha antidrogas lançada depois que ele assumiu o poder, em 2016. A sangrenta campanha resultou na morte de 4.800 suspeitos de consumo e tráfico de entorpecentes.
“O meu único pecado são as execuções extrajudiciais”, disse o presidente nesta quinta-feira (27/09), durante um discurso no Palácio Malacañan, de acordo com um comunicado divulgado pelo gabinete presidencial.
A senadora Risa Hontiveros disse à imprensa local, nesta sexta-feira, que a admissão do presidente filipino “encerra de uma vez por todas o pseudodebate” sobre se houve execuções extrajudiciais em seu governo. “A admissão verbal de Duterte servirá como uma prova sólida da busca popular por justiça”, acrescentou Hontiveros.
Por sua vez, a Anistia Internacional afirmou que “a alegada admissão pelo próprio presidente sublinha a necessidade urgente de investigações internacionais para os milhares de assassinatos e outras violações dos direitos humanos cometidos em nome da guerra do governo contra as drogas”.
O porta-voz da presidência filipina, Harry Roque, disse nesta sexta-feira que os comentários de Duterte eram uma piada e não deveriam ser tomados ao pé da letra.
As declarações do chefe de Estado filipino podem ser usadas no Tribunal Penal Internacional (TPI), que está analisando duas denúncias apresentadas contra Duterte.
A chamada “guerra às drogas” começou no dia em que Duterte tomou posse, em 1º de julho de 2016, e deu à polícia a liberdade de atirar em suspeitos que resistam à prisão.
De acordo com dados oficiais da Agência Antidrogas das Filipinas, um total de 4.854 suspeitos foram mortos em operações policiais, e 155.193 foram detidos. Ao todo foram realizadas 108.058 ações das forças de segurança em todo o país.
Organizações de direitos humanos, como a Human Rights Watch e a Anistia Internacional, elevam o número de mortos para 15 mil devido ao clima de impunidade da campanha, que também incluem vigilantes ou grupos armados.
Duterte foi acusado no passado de liderar “esquadrões da morte” durante o período em que foi prefeito da cidade de Davao, no sul do país, na região de Mindanau, onde governou por 22 anos.
Em seu discurso de quinta-feira, o presidente filipino reiterou que as operações contra o narcotráfico continuarão até 2022, ano em que o seu mandato termina.