Ana Cristina Dib
Brasil e Chile avançam em ritmo acelerado rumo à assinatura de um Acordo de Livre Comércio que elevará o intercâmbio bilateral, hoje já bastante expressivo, a um patamar ainda mais significativo. Entre os dias 12 e 14 de setembro, representantes dos governos brasileiro e chileno participaram em Brasília da terceira rodada de negociações do acordo lançadas por ocasião da visita do presidente do Chile, Sebastián Piñera, à capital brasileira, em abril deste ano. As equipes negociadoras voltarão a se reunir em Santiago, entre os dias 16 e 19 de outubro, quando será realizada a quarta rodada negociadora.
Segundo informações do Itamaraty, nas negociações da semana passada em Brasília foram concluídos os capítulos sobre comércio e gênero, telecomunicações e cadeias regionais e globais de valor. Também se avançou nos demais capítulos em negociação: medidas sanitárias e fitossanitárias; comércio eletrônico; facilitação de comércio; obstáculos técnicos ao comércio; cooperação econômico-comercial; comércio e assuntos trabalhistas; comércio e meio ambiente; assuntos institucionais e solução de controvérsias.
Na rodada anterior, haviam sido finalizados os capítulos de política de concorrência, boas práticas regulatórias e micro, pequenas e médias empresas e empreendedores.
Na chancelaria brasileira, o avanço das negociações com o Chile foi considerado extremamente positivo e a expectativa é de que resultados ainda mais animadores serão alcançados no próximo encontro na capital chilena.
Mesmo sem a assinatura do Acordo de Livre Comércio, o Chile já é o segundo principal parceiro comercial do Brasil na América do Sul, atrás apenas da Argentina. Por outro lado, o Brasil é o maior parceiro comercial do Chile na América Latina e principal destino dos investimentos chilenos no exterior, com estoque no montante de US$ 31 bilhões nos mais diversos setores da economia brasileira
Em 2017, o intercâmbio comercial bilateral alcançou US$ 8,5 bilhões, o que representa incremento de 22% em relação ao mesmo período do ano anterior. Este ano, de janeiro a agosto, as trocas comerciais bilaterais totalizaram US$ 6,387 bilhões, com um aumento de cerca de 13% em relação ao mesmo período de 2017. Nos oito meses deste ano, as exportações brasileiras cresceram 19,95% e totalizaram US$ 4,045 bilhões, enquanto as vendas chilenas tiveram uma ligeira alta de 2,52% e somaram US$ 2,342 bilhões. O fluxo de comércio entre os dois países gerou para o Brasil um superávit de US$ 1,704 bilhão.
Quinto colocado no ranking dos países de destino das exportações brasileiras, o Chile é também um importante mercado para os produtos industrializados, responsáveis por 51,5% de todos embarques brasileiros para o país andino, com um total de US$ 2,08 bilhões, uma elevação de 10,2% em comparação com o mesmo período de 2017. As vendas de produtos básicos foram igualmente expressivas no comércio com o Chile, com uma receita de US$ 1,89 bilhões (participação de 46,6% nas exportações totais). Já os bens semimanufaturados, com uma fatia de 1,65% nos embarques totais, somaram US$ 63 milhões. Os dados são do Minstério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Em termos de produtos, os óleos brutos de petróleo lideraram a pauta exportadora para o Chile, com embarques no valor de US$ 1,37 bilhão (correspondentes a 34% das exportações), seguidos pela carne bovina (US$ 310 milhões e participação de 7,7%), automóveis (US$ 237milhões e 5,9% de participação), veículos de carga (US$ 166 milhões e 4,1% de participação) e demais produtos manufaturados (US$ 135 milhões, equivalentes a um percentual de 3,3% no volume total exportado para o mercado chileno pelas empresas brasileiras nos oito primeiros meses deste ano).
Pelo lado chileno, os produtos semimanufaturados lideraram as exportações, com um total de US$ 875 milhões e participação de 37,4% no total exportado, seguidos pelos produtos básicos, que geraram uma receita de US$ 862 milhões (participação de 36,8%), enquanto os bens industrializados totalizaram US$ 603 milhões, correspondentes a 25,8% os embarques destinados ao Brasil.
Com uma participação de 32% nas exportações, os catodos de cobre e seus elementos foram o principal produto vendido pelo Chile ao Brasil, com exportações no valor de US$ 708 milhões. Outros destaques na pauta exportadora chilena foram os salmões-do-Pacífico (US$ 338 milhões e participação de 14%), minérios de cobre e seus elementos (US$ 238 milhões equivalentes a 10% do total embarcado), alcoois acíclicos (US$ 112 milhões e participação de 4,8%) e vinhos, com embarques no total de US$ 94 milhoes, equivalentes a 4,% das exportações totais chilenas destinadas ao Brasil.