A guerra comercial entre Estados Unidos e China não deve apresentar tréguas num futuro próximo.
Thiago Reis
Em março, Donald Trump havia feito uma declaração no Twitter de que as guerras comercias “eram boas e fáceis de vencer”; a situação atual, contudo, se mostra diferente.A taxação das exportações chinesas, mais precisamente, as tarifas impostas em US$ 50 bilhões de produtos, não trouxeram vitória. A resposta foi a retaliação chinesa, taxando produtos de origem americana.
O governo dos Estados Unidos já tem tarifas propostas e prontas para serem executadas, focando mais US$ 200 bilhões em itens, as quais provavelmente serão respondidas na “mesma moeda”. Para ilustrar a magnitude que a situação, além disso, a administração de Trump já ameaçou escalar além dos US$ 200 bilhões, disposta a taxar adicionais US$ 267 bilhões potenciais além do montante já preparado.
Por questões políticas, tanto Trump quanto Xi Jinping da China terão grandes dificuldades de cessar esse embate. É possível que os Estados Unidos aceitem uma vitória simbólica, porém é muito improvável que a parte chinesa conceda esse sucesso representativo.
A população da China tem a mentalidade de que seu “século de humilhação” começou quando a Inglaterra forçou a dinastia Qing a fazer concessões comerciais no século 19. Xi Jinping se comprometeu com a ascensão do povo chinês – por meio do crescimento econômico -, para se certificar de que nunca mais ocorreriam humilhações. Para os Estados Unidos, a guerra comercial tem apresentado impactos positivos na economia nacional, porém nem tudo é benéfico.
Os produtos da Apple por exemplo, maior empresa do mundo com valor de mercado de mais de US$ 1,055 trilhão, por serem montados e manufaturados na China e depois enviados aos EUA, estariam sujeitos à taxação de 25% que pode vir a ser imposta pelo governo americano. Produtos consumidos por milhões de pessoas, como o iPhone, iPad, Apple Watch e os fones de ouvido AirPods, seriam impactados e seu preço nos Estados Unidos se tornaria menos competitivo perante concorrentes que são produzidos em outros locais.
Ao ser questionado pela Apple, o presidente Donald Trump sugeriu que a empresa passasse a construir seus produtos dentro do solo americano, para assim evitarem um aumento potencial de custo à companhia que consequentemente será repassado ao consumidor.
O fato é que não é tão simples levantar uma indústria de manufatura em escala do dia para a noite. Empresas que comercializam seus produtos nos Estados Unidos, mas montam ou produzem na China, vão enfrentar dificuldades no seu ambiente competitivo doméstico doméstico perante aqueles que não são atrelados ao país conflitado.
Com relação ao mercado de ações, os Estados Unidos tem demonstrado resultados bem superior à China. O S&P500 (Stardard & Poor’s 500) performou quase 30% acima da bolsa de Xangai nesse ano.
Como ambos os países encontrarão dificuldades para perdurar nesse combate comercial, resta ao mundo ficar como espectador, aguardando o desenrolar do confronto entre duas economias titânicas.
***Thiago Reis, formado em Administração de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, Fundador e CEO da Suno Research, consultoria de análise financeira voltada para investidores individuais. Analista de Investimentos com certificação da CNPI (Certificação Nacional dos Profissionais de Investimento), Tiago iniciou sua carreira na Set Investimentos e é especialista em assuntos como mercado financeiro, bolsa de valores, investimentos, fraudes corporativas e finanças corporativa.
(**) “Parceria de conteúdo: Suno Research/Comexdobrasil.com”