Levantamento da Rede de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), da Confederação Nacional da Indústria, mostra a evolução do comércio exterior na pauta das empresas brasileiras
Portal CNI
Em 1998, o Brasil tinha 15,8 mil empresas exportadoras. Passados 20 anos, o número de empresas brasileiras negociando com mercados internacionais saltou para 25,4 mil em 2017, crescimento de 60%. Analisando por faixa de valor exportado, o maior crescimento foi observado no número de empresas que venderam entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões: eram 611 em 1998 e chegaram a 1.373 em 2017, aumento de 124%. O levantamento é da Rede de Centros Internacionais de Negócios (Rede CIN), uma das principais instituições de apoio à internacionalização de empresas no Brasil, coordenada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), presente em todos os estados brasileiros e no Distrito Federal.
Criada em 1998, a Rede CIN surgiu justamente para apoiar a indústria brasileira na inserção ao comércio internacional. Em duas décadas de atuação, a Rede atendeu uma a cada quatro empresas que exportaram nos últimos 20 anos. Uma delas é a empresa de calçados Calce Perfeito, de Brasília. Com a ajuda do programa Rota Global, da Rede CIN, a empresária Vanessa Ribeiro descobriu quais serviços diversas instituições brasileiras oferecem para apoiar exportadores iniciantes, como linhas de crédito especiais para o financiamento às exportações. “Entendi melhor o processo, identifiquei quais podem ser os meus gargalos e também quem pode me ajudar a resolvê-los”, afirma a empresa. Em breve, uma das linhas de calçados da marca vai desembarcar na Austrália, no Chile e nos Estados Unidos.
“Nossa meta é que as empresas brasileiras vejam o comércio exterior como uma estratégia de competitividade e sustentabilidade dos negócios. Sabemos que, se não houvesse outros entraves, como barreiras comerciais, burocracia e financiamento adequado, esse número teria crescido ainda mais”, afirma o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Abijaodi. Em duas décadas de atuação, a Rede CIN atendeu mais de 113 mil empresas. Nesse período, o Brasil contabilizou 468 mil exportadoras.
A importância do tema não se restringe ao caixa das empresas, mas impacta a economia do país. Nos últimos períodos de recessão – 2001 a 2002, 2008 a 2009, 2014 a 2017 – todos os indicadores macroeconômicos do Brasil, como PIB, inflação e desemprego, pioraram. Só o comércio exterior cresceu nesse período. “Sabemos que muitas empresas recorrem às vendas internacionais durante períodos de turbulência no mercado doméstico, o que ajuda a explicar esse desempenho. No entanto, vemos a internacionalização crescer na estratégia das empresas”, continua Abijaodi.
“Nossa meta é que as empresas brasileiras vejam o comércio exterior como uma estratégia de competitividade e sustentabilidade dos negócios”, afirma Carlos Abijaodi
APOIO – A preparação para atuar lá fora de maneira sustentada é fundamental. Por isso, em 2017, a Rede CIN conseguiu recursos da União Europeia, por meio do programa AL-Invest, para desenvolver um novo modelo de atendimento às empresas que buscam se internacionalizar, o Rota Global. Na execução piloto do programa, 560 empresas industriais, agrícolas e de serviço passaram por um diagnóstico gratuito que avaliou a maturidade da empresa para atuar lá fora. Destas, 406 receberam planos de negócios customizados às suas necessidades para dar os passos necessários rumo ao comércio exterior. A maioria dos participantes são micros e pequenos negócios, como a Calce Perfeito. “Nós identificamos melhor as oportunidades e também o que precisávamos fazer para concretizar a exportação. O programa nos ajudou muito”, afirma Vanessa Ribeiro, dona da empresa.
Em breve, a metodologia do atendimento estará disponível em todos os estados do país. Recentemente, a CNI transferiu o modelo para o Ministério de Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) para ser usado no Plano Nacional de Cultura Exportadora. “Acreditamos que isso ajudará muito a organizar a estrutura de serviços oferecidos por diferentes instituições para apoiar a internacionalização”, conclui o diretor da CNI.