Considerado um dos maiores arquitetos da atualidade, Jam Gehl afirma que os planejamentos urbanos devem focar nas pessoas
Por Darse Júnior, enviado especial a Copenhague
As melhores cidades do mundo têm uma característica em comum: privilegiam as pessoas em detrimento dos carros. Abrem os espaços públicos para o convívio, o trânsito de pedestres e ciclistas. É o caso de Melbourne, Zurique, Copenhague e Vancouver. A observação foi feita por Jam Gehl, considerado um dos maiores urbanistas da atualidade. De acordo com ele, as soluções implementadas nesses lugares podem ser adaptadas para todas as cidades do mundo.
“São intervenções baratas que levam em consideração apenas as necessidades dos seres humanos, que são animais sociáveis e precisam andar para estar saudáveis”, comentou Gehl. As observações foram feitas em reunião com o ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, o secretário de Turismo do Ceará, Arialdo Pinho, e uma comitiva de arquitetos, representantes de entidades e empresários brasileiros em missão internacional em Copenhague, na Dinamarca.
Para o ministro, a interação com outras cidades que já promoveram transformações reconhecidamente bem-sucedidas acelera a curva de aprendizagem, permite que o Brasil não cometa os mesmos erros que outros lugares e ajuda na atração de turistas. “Os nossos casos de maiores sucessos foram baseados na experiência internacional. É o caso da Embrapa, que conta com a expertise de milhares de profissionais que fizeram mestrados e doutorados nos maiores centros de pesquisas do mundo”, comentou.
A chefe do Planejamento Urbano de Copenhague, Tina Sabby, reforçou que, apesar das diferenças culturais e de clima, os princípios que norteiam as requalificações das cidades devem ser os mesmos em todas as partes do mundo. “Basta levar em consideração as especificidades locais. Aprender a entender as pessoas e levar isso em conta nos planejamentos urbanos. No fundo, todos querem usar os espaços públicos e cabe aos governos e iniciativa privada o desafio de facilitar essa interação”, comentou. “A pergunta-chave é: como o seu prédio pode ajudar as pessoas a ficarem fora dele?”, completou. Os especialistas reforçam inclusive que o uso do espaço público reduz outros problemas das cidades, como a violência.
Tina destacou que inicialmente a meta da Prefeitura de Copenhague era fazer as pessoas ficarem 20% mais tempo fora de casa. Uma série de métricas foram usadas para medir se o objetivo estava sendo atingido, como a quantidade de pessoas que transitavam nas ciclovias ou ficavam nas praças. Atualmente, 41% da população vai para o trabalho de bicicleta.
Além do encontro com o Gehl e a chefe de Planejamento de Copenhague, a comitiva brasileira reuniu-se com o embaixador do Brasil na Dinamarca, Carlos Antônio da Rocha Paranhos, com operadores de viagem da Dinamarca e com o presidente de uma empresa especializada em big data, Henrik Koch.
O embaixador Carlos Paranhos elogiou a iniciativa e sugeriu que o Brasil deveria intensificar o investimento em promoção internacional na Dinamarca. Juntos, os países da Escandinávia representam o quinto maior gasto de turistas do mundo, com US$ 42,8 bilhões em 2017, atrás apenas de China (US$ 228,1 bi), EUA (US$ 119,7 bi), Alemanha (US$ 74,1 bi) e Reino Unido (US$ 56,1 bi).