Ana Cristina Dib
O pesquisador sênior do Instituto para Estudos China-América de Washington, Sourabh Gupta, disse em uma entrevista à Xinhua via e-mail na terça-feira (7) que continuar a agravar as tensões tarifárias com a China será uma “proposição perda-perda total” para a administração do presidente dos EUA, Donald Trump.
O Escritório do Representante de Comércio dos EUA (USTR) anunciou no início do dia que o país começará a coletar tarifas extras sobre outros US$ 16 bilhões de bens chineses em 23 de agosto, elevando o valor total para cerca de US$ 50 bilhões em bens que atualmente enfrentam uma tarifa adicional de 25%.
“Infelizmente, era totalmente esperado. É mais uma vez totalmente ilegal segundo as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC), e é uma proposição perda-perda total”, lamentou o renomado especialista.
Com as políticas protecionistas com o lema “América Primeiro”, a administração de Trump já impôs tarifas adicionais a produtos chineses de US$ 34 bilhões em 6 de julho.
A fim de defender seus direitos e interesses legítimos e proteger a ordem do comércio mundial, a China prometeu tomar contra medidas iguais com tarifas sobre um valor equivalente de produtos dos EUA.
Havia “uma grande e geral oposição” das associações e grupos comerciais dos EUA representando os setores de química, cabos e fios, eletrônica, semicondutores, varejo, entre outros, durante as consultas públicas de 24 e 25 de julho no que se relaciona à parcela de US$ 16 bilhões, assinalou Gupta.
“Ainda assim, a administração de Trump avançou obstinadamente com as tarifas”, lamentou ele, acrescentando que a “desconsideração deliberada” de Washington às regras da OMC neste caso da Seção 301 contra a China é “desapontadora”.
Gupta destacou que é “revelador” o que os líderes das indústrias de semicondutores escreveram no fim de julho. Segundo eles, a aplicação das tarifas adicionais sobre essas importações apenas prejudicará os produtores dos EUA e, no final das contas, os consumidores norte-americanos.
Os líderes do setor também sabem que a China é o maior mercado com o mais rápido crescimento do mundo para semicondutores e equipamento. Por isso, “tratar mal a China pode ter consequências de longo prazo que afetam a fatia de mercado dos fabricantes de semicondutores americanos e a cadeia de fornecimento de apoio localizada nos EUA”, completou o especialista.