Projeções de todas as emissoras de televisão dão o Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), o partido de Imran Khan, como vitorioso. Apuração está atrasada e a oposição afirma que houve fraude no processo eleitoral.
Por G1
O ex-campeão de críquete Imran Khan reivindicou nesta quinta-feira (26) a vitória nas eleições do Paquistão. A apuração está atrasada e ele se baseia em resultados parciais, que colocam o seu partido, Pakistan Tehreek-e-Insaf (PTI), na liderança da votação desta quarta. Seus oponentes alegam fraude no processo eleitoral.
Em seu pronunciamento, Khan afirmou que a democracia saiu fortalecida da eleição e fez um apelo para que o seu partido conduza o país a um novo caminho. “Este será o primeiro governo que não realizará nenhuma vitimização política”, declarou.
As projeções de todas as emissoras de televisão dão o partido de Imran Khan como vencedor. A legenda conquistaria no mínimo 100 cadeiras, de acordo com as projeções. Para formar governo e indicar o novo primeiro ministro, é necessária uma maioria de 137 deputados. Se o resultado se confirmar, o partido vencedor precisará fazer um acordo para conseguir indicar o novo premiê.
Antes da votação, Khan surgiu nas pesquisas nacionais com um ligeiro favoritismo. Também apareciam na frente o atual premiê, Shahbaz Sharif, líder da Liga Muçulmana do Paquistão (LMP-N), e Bilawal Bhutto, do Partido Popular do Paquistão (PPP) e filho da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto.
Denúncias de irregularidades
A declaração de vitória acontece pouco depois de o partido do atual premiê Shahbaz Sharif denunciar “fraudes flagrantes” no processo eleitoral e pedir que se rejeitem os resultados parciais que sugeriam a vitória de Khan.
Sharif, que é irmão do ex-premiê Nawaz Sharif, atualmente detido por corrupção, denunciou fraudes na noite desta quarta. “As fraudes são tão flagrantes que todo mundo se pôs a chorar” e que os “resultados baseados em um conchavo em massa provocarão danos irreparáveis ao país”, disse.
O líder do Partido Popular Paquistanês (PPP, no poder entre 2008 e 2013), Bilawal Bhutto-Zardari, classificou o processo eleitoral de “imperdoável e escandaloso”.
“Meus candidatos se queixam de que nossos agentes eleitorais foram expulsos dos centros de votação de todo país”, tuitou o filho da ex-primeira-ministra Benazir Bhutto, assassinada em 2007.
Lentidão na apuração
A Comissão Eleitoral Paquistanesa (ECP) justificou a lentidão na apuração dos votos por problemas técnicos relacionados com o uso de um novo sistema eleitoral.
“Essas eleições não estão manipuladas […] São 100% justas e transparentes”, afirmou seu diretor, Sardar Muhammad Raza, em entrevista coletiva. Raza não disse quando as autoridades poderão anunciar resultados, mas alguns jornais locais sugeriram que não deve ser antes desta quinta-feira à noite.
Forte esquema de segurança
Realizadas sob um forte esquema de segurança, as eleições de quarta-feira constituíam uma incomum transição democrática entre dois governos civis, neste jovem país com um passado marcado pelos golpes de Estado militares. Potência nuclear, o Paquistão esteve dirigido pelas Forças Armadas quase metade de seus 71 anos de história.
Porém, desde o início, as eleições gerais estavam marcadas por dúvidas sobre sua legitimidade, devido a acusações de interferências por parte do Exército. O país também enfrenta a aparição na cena política de novos partidos com ideologias radicais e a volta do terrorismo com grandes atentados.
Na quarta, uma explosão perto de um colégio eleitoral deixou 31 mortos e 35 feridos na cidade de Quetta, na província de Balochistan. O Estado Islâmico reivindicou a autoria o atentado suicida.