Ana Cristina Dib
Os países do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) estão negociando a assinatura de um memorando de entendimento sobre uma parceria em aviação regional no contexto do bloco. A expectativa é de que o documento, uma iniciativa lançada pelo governo brasileiro, seja firmado na 10ª Cúpula do Brics, a ser realizada de 25 a 17 de julho, em Johanesburgo, na África do Sul, com presença dos cinco chefes de Estado do bloco.
Segundo o ministro Kenneth Félix da Nóbrega, Diretor do Departamento de Mecanismos Inter-regionais do Itamaraty, o documento prevê estruturação de uma malha mais eficiente entre os cinco países do bloco.
“A ideia é levar um plano que temos com os Estados Unidos para os Brics. Será um intercambio de boas práticas sobre como viabilizar uma malha mais densa. A ideia é trocar informações sobre marcos regulatórios, além de prospecção de mercado para aeronaves regionais”, disse o ministro.
Industrialização, novas tecnologias, crescimento inclusivo e a cooperação em temas de manutenção da paz e em assuntos de saúde, como a criação de uma plataforma de vacinação do bloco estão entre os temas que serão tratados na 10ª Cúpula do Bric.
Outro resultado esperado pelo Brasil é o centro de pesquisas em vacinas do Brics. Voltado ao desenvolvimento de novas vacinas e à ampliação da capacidade de manufatura farmacêutica nos cinco países, o centro será construído na África de Sul, com financiamento integral da China. O Brasil é referência na vacinação contra a tuberculose.
Satélites
A cooperação sobre imagens de satélites sensoriais remotos dos países do Bricis também é esperada na 10ª Cúpula dos Brics. O acordo franquia o acesso a imagens de satélites dos Brics, que hoje, são adquiridas comercialmente. O acordo é visto como vantajoso para o Brasil que hoje compartilha imagens de satélites gratuitamente.
Os chefes de Estado dos cinco países-membros do bloco – que representam cerca de 23% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial – já confirmaram presença na reunião, onde serão tratados temas de cooperação econômica e desenvolvimento, entre outros.
Carne
Segundo Kenneth da Nóbrega, assuntos como o fim do embargo russo à carne suína e bovina do Brasil não fazem parte da agenda oficial do encontro, mas podem entrar na programação de reuniões bilaterais. O mesmo pode acontecer em relação à sobretaxa imposta ao frango brasileiro no início do mês passado pela China. Apesar disso, o Itamaraty diz que não há nada oficialmente marcado sobre esses temas.
No caso das carnes suína e bovina, desde o final do ano passado, as restrições foram anunciadas sob argumento de que haviam sido encontradas substâncias como estimulantes nos produtos brasileiros exportados para a Rússia.