Francês acariciou o rosto de Francisco diante da imprensa
ANSA
O presidente da França, Emmanuel Macron, teve um encontro de cerca de uma hora, nesta terça-feira (26), com o papa Francisco, no Vaticano, durante o qual discutiu com o líder católico a crise imigratória na Europa.
A reunião ocorreu de maneira privada, apenas com um intérprete, e durou mais do que o de costume pelos protocolos do Vaticano. Ao cumprimentar o Pontífice diante da imprensa, Macron, sorrindo, acariciou o rosto de Francisco e lhe apertou a mão. O Papa presenteou o francês com uma medalha de São Martinho. “É uma medalha fabricada no século passado e ressalta a vocação dos governantes em ajudar os pobres. Somos todos pobres”, disse Jorge Mario Bergoglio.
Macron também recebeu de presente as encíclicas Laudato Si, Amoris Laetitia, uma cópia da exortação apostólica Evangelii Gaudium e da mensagem do Papa para o Dia Mundial da Paz. Em troca, Macron deu ao Papa uma edição histórica do livro de George Bernanos, “Diário de um Pároco de Aldeia”. “Eu já li esse livro. Muitas vezes. Me fez bem”, contou Francisco.
Macron visitou o Vaticano acompanhado de sua mulher, a primeira-dama Brigitte. A ida de Macron a Roma já estava programada há um tempo, mas coincidiu de ocorrer em um momento de troca de farpas entre o novo governo italiano e o francês devido à crise imigratória.
O papa Francisco sempre pediu solidariedade aos imigrantes e fez apelos para que as nações da Europa se abrissem para acolher os estrangeiros. Já o novo governo italiano, formado pelos partidos de direita Liga Norte e Movimento 5 Estrelas (M5S), tem se recusado a receber novos imigrantes. A França chamou a decisão de “cinismo e irresponsabilidade”. Macron não teve agenda com as autoridades italianas, mas recebeu uma medalha de honra da Comunidade de São Egídio, do Vaticano, mantendo uma tradição dos líderes políticos franceses.
De acordo com o presidente da Comunidade, Marco Impagliazzo, Macron defendeu a criação de corredores humanitários para a crise imigratória. “Macron mencionou os corredores humanitários como um modelo de política imigratória legal, sobretudo para as pessoas que precisam proteção humanitária”, contou.