Ana Cristina Dib
“A burocracia de comércio exterior aumenta em 14,5% nossos custos de exportação e importação, algo em potencial de alterar nossa competitividade”, explicou”. A afirmação foi feita pelo secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Abrão Árabe Neto, no seminário “Diálogo regulatório Brasil-Argentina, organizado nesta terça-feira (12) em São Paulo, pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Fiesp.
Segundo Abrão Neto, “o comércio exterior brasileiro concentra discussões na parte tarifária, algo que vem sendo trabalhado e expandido por meio de negociações em uma agenda bastante ampla”.
Uma integração comercial mais intensa entre Brasil e Argentina foi foco do seminário e para além das atuais condições do Mercosul, especialistas e agentes de governo debateram estratégias de expansão e promoção das economias da região no exterior.
Na avaliação do diretor titular do Derex, Thomaz Zanotto, o governo argentino tem mostrado uma grande coerência em suas ações envolvendo o Mercosul, na busca por investimentos e parcerias. “A ideia é que juntos e mais fortes possamos fabricar e vender também produtos de maior valor agregado. Se não conseguimos fazer a convergência regulatória do século 20, como faremos a do século 21?”, questionou.
Zanotto apontou que, para a Fiesp, esse assunto tem sido prioridade desde 2012. Recentemente, a federação publicou uma cartilha técnica com propostas de aprimoramento de regulamentos na América Latina, na tentativa de eliminar obstáculos ao comércio regional. “Temos que caminhar mais rápido, passar por cima da burocracia, encontrando denominador comum”, defendeu.
O embaixador da Argentina no Brasil, Carlos Magariños, por sua vez, detalhou algumas dificuldades enfrentadas pelo seu país por conta de questões de convergência regulatória e os esforços feitos nos últimos anos por ambos os países. Já o subsecretário de Comércio Exterior do Ministério da Produção da Argentina, Shunko Rojas, contou como os argentinos estão trabalhando uma agenda ambiciosa de negócios para o Mercosul, considerando concessões, posições na Organização Mundial do Comércio (OMC) e acordos com a União Europeia (UE).
O encontro contou ainda com a apresentação de projetos sobre regulação, incluindo as pesquisas da coordenadora do Centro do Comércio Global e Investimento da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Vera Thorstensen, além de estudos sobre perspectivas para o aprofundamento do comércio bilateral, elaboração de propostas políticas e diálogos setoriais: automotivo, industriais, agricultura e alimentos.