No mês em que começa a Copa da Rússia, um roteiro mais-mais com os hotspots da cidade
Vogue
No mês passado, Gosha Rubchinskiy, o estilista russo mais incensado do momento, avisou no Instagram que sua marca homônima – pilotada pela Comme des Garçons, adorada pelos amantes do streetwear que não vivem sem os moletons com dizeres em alfabeto cirílico e com recente collab para a Adidas – deixaria de apresentar coleções sazonais e poderia até ser rebatizada. O mundo fashion quase desabou, mas calma: Gosha deve continuar bombando, ainda mais com a abertura de uma loja “à la Supreme” em Moscou, voltada para skatistas.
Esqueça o fausto dos czares, os estereótipos dos consumidores devoradores de grifes de luxo e até – só um pouquinho – os desmandos desvairados de Putin. Existe, sim, uma Rússia ultracontemporânea, urbana e que está surfando na onda dos estilistas egressos da ex-União Soviética. Só para citar alguns, temos o georgiano Demna Gvasalia, à frente da Vetements e da Balenciaga; a ucraniana Yulia Yefimtchuk, que conquistou o júri do último Festival de Hyères; e o russo Andrey Artyomov, dono da marca Walk of Shame.
Todos esses nomes estão no andar de designers nacionais da TsUM, a mais luxuosa loja de departamentos de Moscou, que completou em novembro 110 anos, coladinha ao Teatro Bolshoi – ela agora entrega on-line, em duas horas, em qualquer ponto da cidade. Entre uma partida de futebol e outra, caia de cabeça no universo da moda russa, porque vale a pena.
Restaurantes inevitáveis: o Café Pushkin, que acaba de abrir filial em Paris, e o vizinho Turandot (para jantar entre veludos, brocados e boiseries douradas) são os clássicos. Mas o restaurateur Andrey Dellos, dono do Pushkin, acaba de abrir uma nova casa na cidade, o Matryoshka, onde se come o melhor estrogonofe do mundo – sem molho de tomate e com funghi, commeilfaut.
O Quadrum, do Four Seasons, o melhor e mais bem localizado de Moscou, a poucos passos da Praça Vermelha, tem um brunch espetacular com bortch, pirojki e suco de granada do Cazaquistão (ah, nem conto). Outro brunch que atrai a gataria local é o do Yunost Cafe, com drinques deliciosos. O chef, Maxim Letunovsky, já trabalhou no Delicatessen, outro must-go do pedaço. E para comer, assim como quem não quer nada, quilos de caviar no hotel depois de alguns gols, passe na Eliseevskiy Store, a mais linda mercearia da cidade, ou no Mercado Danilovsky, com os melhores queijos, picles, tomates gigantes do Uzbequistão e cenouras roxas do Azerbaijão.
Você vai precisar, sim, de um guia e nem pense em tomar táxi sozinha – peça sempre no hotel. Aliás, um hotel-butique que tem feito sucesso é o Golden Apple, instalado num antigo palacete do século 19. Visitas imperdíveis, além das turísticas de sempre? Um banho nas Termas Sanduny (num palácio barroco), um passeio pelo Parque Zaryadye, concebido pelo escritório americano DS+R (o mesmo que fez a High Line de Nova York), uma parada nas galerias Garage, assinada por Rem Koolhaas, e Octobre Rouge, que fica numa fábrica de chocolates de 1862. Os ateliês, os bares e baladinhas do entorno do espaço, na Ilha Bolotny, são o que há!
E me traga de lembrancinha uma matryoshka enorme – pintada à mão – do Mercado Izmailovsky, até hoje o melhor souvenir dessa cidade impressionante.