BBC Brasil
Após o governo de Donald Trump anunciar a imposição de taxas sobre a importação de aço e alumínio vindos de União Europeia, Canadá e México, os alvos das novas tarifas reagiram e anunciaram que não ficarão de “braços cruzados” diante da medida americana.
Os três já comunicaram medidas de retaliação, enquanto os EUA seguem adiante com sua nova política, classificada pela União Europeia de “protecionismo, puro e simples”. Washington alega que as tarifas visam a proteger empregos americanos no setor metalúrgico.
Agora, as represálias – que consistem em taxações a uma ampla lista de produtos de origem americana – podem ser parte de uma crescente batalha comercial que tem “armas” curiosas como salsichas, pizzas prontas e abajures.
A seguir, veja como os países vizinhos dos EUA e o bloco europeu reagiram às sobretaxas:
México
O Ministério da Economia mexicano anunciou rapidamente uma lista de produtos sobre os quais vai impor taxas “com nível comparável de dano” ao provocado por Washington.
A lista inclui produtos que vão de lâminas planas de aço e tubulações a costelas de porco, salsichas e outros embutidos, bagas, uvas, maçãs, “diversos queijos” e abajures.
O ministro da Economia, Ildefonso Guajardo, disse a uma rádio mexicana que “esse tipo de coisa (taxação) não beneficia ninguém”.
Ele acrescentou que o México é o principal comprador do alumínio americano e o segundo maior comprador do aço do vizinho do norte. A estimativa é de que a guerra comercial prejudique o comércio bilateral em US$ 4 bilhões.
Canadá
O premiê canadense, Justin Trudeau, chamou a sobretaxa americana de “insulto” à aliança entre os países e destacou que o Canadá é responsável pela compra da metade das exportações de aço dos EUA.
Em represália, o país lançará “contramedidas restritivas de comércio” sobre bens americanos, a um valor de US$ 12,8 bilhões e com vigência a partir de 1º de julho.
O Canadá vai impor tarifas sobre importados americanos – tanto alumínio e aço quanto itens de consumo como ketchup, inseticidas, máquinas de lavar roupa, iogurte, suco de laranja, café, botes infláveis, papel higiênico, pizzas prontas e quiches, entre outros produtos listados pelo Departamento de Finanças canadense.
A lista inclui também tarifa de 10% sobre velas, mas traz uma ressalva importante: a medida não atinge velas de aniversário, Natal e outras festividades.
Segundo o jornal The New York Times, os US$ 12,8 bilhões somados pelas tarifas nesses produtos equivalerão ao valor das exportações canadenses de aço e alumínio aos EUA em 2017.
União Europeia
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, afimou que o bloco pretende acionar os EUA na Organização Mundial do Comércio, alegando que a política de sobretaxas é “totalmente inaceitável”.
A chanceler (premiê) alemã, Angela Merkel, considerou as tarifas americanas “ilegais” e “uma ameaça de espiral que pode resultar em danos para todos”. O bloco europeu já havia publicado uma lista de produtos americanos sobre os quais pretende revidar.
Estão incluídos o uísque do tipo Bourbon, sucos de laranja e cranberry, calças jeans, camisetas, tabaco, milho e outros produtos agrícolas, aço e produtos industriais, cosméticos, motos e embarcações recreativas.
O objetivo é conseguir o máximo de impacto político e econômico. O uísque Bourbon, por exemplo, é exportado majoritariamente por produtores do Estado de Kentucky, origem do líder republicano do Senado, Mitch McConnell.
E o suco de laranja é um dos principais itens de exportação da Flórida, Estado-chave na economia e na política americanas. A expectativa é de que as contramedidas da União Europeia entrem em vigor em meados de junho.