País que recebe mais turistas do que sua própria população é um dos mais antigos produtores de vinho e tem um alfabeto único no mundo.
Súsan Faria
Fotos: Eliane Loin
“É uma realidade paradoxal, no mapa contemporâneo do mundo, somos um dos estados mais jovens, apesar de termos uma história antiga de três mil anos. Toda a história da Geórgia é de uma eterna luta pela independência e liberdade”. Assim o embaixador David Solomonia iniciou seu discurso durante a festa da 1ª República Democrática da Geórgia, terça-feira, 29, no Salão de Festas do Hotel Royal Tulip, em Brasília.
De acordo com o embaixador, a história da Geórgia se resume na busca pela paz e amizade. “Tivemos muitos períodos de paz, entre várias guerras, quando também houve a chance de criar uma forte herança cultural e espiritual”. Apesar de o país ocupar 0,05% da superfície terrestre (69.700 km2), segundo o diplomata, foi nesse território que se produziu o primeiro vinho do mundo. “Outro símbolo nosso é o esporte, grande mensageiro de paz. A sociedade esportiva internacional reconhece os campeões internacionais georgianos”, contou, acrescentando que seu país é o único onde viveram ao mesmo tempo dois campeões mundiais de xadrez – feminino e masculino.
Solomia também destacou a beleza natural e os monumentos históricos da Geórgia.“É um dos países onde o número de turistas excedente ao número da população (3,7 milhões de habitantes)”. Em seguida, comentou que apesar da longa distância geográfica, a relação entre a Geórgia o Brasil é amistosa e deriva da cooperação baseada em valores democráticos, respeito mútuo e aos direitos internacionais. Por fim, fez um brinde à moda georgiana: pela paz do mundo, pelos países e a nossas famílias.
Embaixadores, representantes do Corpo Diplomático, parlamentares, jornalistas e convidados participaram da festa, que teve jantar acompanhado de vinho georgiano, tomado no recipiente Khantsi, um chifre feito de argila onde a bebida apresenta mais sabor. Depois de descobertas arqueológicas e evidências materiais – como sementes de uva com 8 mil anos de idade e restos de videiras seladas dentro de vasos antigos de barro –, muitos dos especialistas mais importantes do mundo concordam que a Geórgia tem motivos para se orgulhar em ser o berço mundial do vinho.
Turismo – Há famosos resorts em diferentes zonas climáticas na Geórgia, país montanhoso, que possui mais de 2.000 fontes de água mineral e cerca de 12.000 monumentos históricos e culturais, dentre eles a Catedral de Bagrati e o Mosteiro de Ghélati, na cidade de Kutaisi. Lá é tradição produzir e beber muito vinho, inclusive há famosos jarros de vinho como oQvevri, recipiente de barro em forma de ovo usado para produzir, envelhecer e armazenar o vinho; e os Khantsis para tomar a bebia, muito apreciados pela população e turistas. A Geórgia faz divisa com a Rússia, Turquia, Armênia, Azerbaijão e o mar Negro. Ficou independente da Rússia em 26 de maio de 1918, após a revolução Russa.
Alfabeto – Durante a festa dos 100 anos de independência da Geórgia foi afixado um cartaz explicando a escrita georgiana que passou por longa evolução, em diferentes épocas. Formou-se como uma unidade de três sistemas de escrita, cada uma com características independentes, distinções culturais e funções sociais. As três variações do alfabeto – Mkhedruli, Nuskhuri e Asomtavruli- ainda são praticadas, sendo o Mkhedruli a mais utilizada.