Ana Cristina Dib
O ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, participa nesta quarta-feira (23),em Seul, do lançamento das negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Coreia do Sul, dando sequência a um processo que tem por objetivo ampliar a reduzida rede de acordos comerciais assinados pelo bloco integrado pelo Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai. Atualmente, o Mercosul está prestes a firmar um acordo de livre comércio com a União Europeia e recentemente lançou um processo de negociação com o Canadá.
A expectativa do governo brasileiro é de que as negociações com a Coreia do Sul avancem ainda este ano para que o acordo possa vir a ser assinado em 2019. Na avaliação do Itamaraty, a assinatura de um acordo entre o Mercosul e a Coreia do Sul contribuirá de forma decisiva para o fortalecimento do comércio exterior, da atração de investimentos e da cooperação em diversos setores entre o Mercosul e especialmente entre o Brasil e o país asiático.
Mesmo sem a existência de um acordo tão abrangente, a Coreia do Sul já figura entre os principais parceiros comerciais do Brasil. No tocante às importações, os coreanos são o quinto maior fornecedor ao Brasil e ocupam a décima-nona posição no ranking dos principais destinos dos produtos brasileiros no exterior.
De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), entre os meses de janeiro a abril, as exportações brasileiras para a Coreia tiveram uma alta de 8,92% e somaram US$ 923 milhões. Enquanto isso, as vendas coreanas atingiram um patamar muito mais elevado e totalizaram US$ 2,003 bilhões (alta de 15,63% comparativamente com o mesmo período do ano passado). Assim, no primeiro quadrimestre deste ano, o intercâmbio bilateral proporcionou aos sul-coreanos um superávit de US$ 1,081 bilhão.
Se esse fluxo de negócios for mantido, ao fim do ano a Coreia do Sul acumulará em 2018 um saldo ainda maior que aquele alcançado no ano passado nas trocas comerciais com o Brasil. Em 2017, o país asiático exportou mercadorias no valor de US$ 5,240 bilhões e importou pouco mais de US$ 3,077 bilhões, conquistando um superávit de US$ 2,163 bilhões.
Ao Brasil interessa não apenas tornar mais equilibrado esse intercâmbio mas também elevar a participação de produtos industrializados na pauta exportadora para a Coreia do Sul, marcada por uma forte concentração nos produtos básicos, responsáveis até abril por 68,9% dos embarques ao país asiático. Enquanto isso, as vendas de produtos manufaturados somaram pouco mais de US$ 137 milhoes, equivalentes a 34,5% do volume embarcado.
De janeiro a abril, os destaques nas exportações para a Coreia do Sul foram farelo de soja (US$ 226 milhões), minérios de ferro (US$ 139 milhoes), celulose (US$ 77 milhões),carne de frango (US$ 62 milhões) e soja (US$ 48 milhões).
Do outro lado, as exportações sul-coreanas se restringiram praticamente aos produtos industrializados, de maior valor agregado: 99,5% das vendas ao Brasil envolveram esses produtos, com exportaçoes no total de US$ 1,99 bilhão. Entre os destaques, circuitos integrados e microconjuntos eletronicos (US$ 608 milhões), partes e peças para veículos e tratores (US$ 219 milhões), partes de aparelhos transmissores ou receptores (US$ 95 milhões), demais produtos manufaturados (US$ 79 milhões) e automóveis (US$ 57 milhões).