Dados sobre o setor de turismo foram apresentados pela CNC em encerramento do Conotel
Alex Rodrigues (Agência Brasil)
Depois de três dias de debates sobre os caminhos para que o setor hoteleiro retome os trilhos do crescimento após três anos de perda de receitas, o 60º Congresso Nacional de Hotéis (Conotel) foi encerrado na última sexta-feira (18), com a análise de números que indicam um cenário pouco alentador para o segmento em curto prazo.
Chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o economista Fábio Bentes afirmou que o segmento de serviços, em especial o turismo, ainda não conseguiu superar a crise econômica que teve início em 2014. Pelos cálculos de Bentes, após ter registrado uma queda de 6% da receita real no ano passado, o setor este ano deve enfrentar uma nova redução das receitas, da ordem de 4%.
“O que podemos constatar a partir do desempenho recente é que a crise ainda não acabou. Ainda existe muito terreno para ser recuperado após a fortíssima queda [da atividade] dos últimos anos”, declarou o economista. Segundo ele, entre 2015 e fevereiro de 2018, a perda de faturamento do turismo no Brasil chegou a R$ 157 bilhões.
Para Bentes, apesar da lenta retomada, o cenário para 2018 é um pouco menos desalentador que o de anos recentes. Pelos cálculos da entidade, “neste ritmo, o setor de turismo só vai conseguir ultrapassar a atual situação em 2020”.
Além de incertezas políticas e problemas econômicos, outro problema que ajuda a retardar a retomada do crescimento verificado até 2014 está o aumento da sensação de insegurança. Um recente estudo da CNC concluiu que só o Rio de Janeiro, no ano passado, perdeu R$ 1 bilhão com os impactos negativos da violência.
Após lembrar que o turismo responde por 8% do emprego formal no país, Bentes demonstrou que, entre 2015 e 2017, cerca de 7 mil estabelecimentos de hospedagem fecharam as portas em todo o país, encerrando milhares de postos de trabalho formal.
Não fosse pela recente crise, o setor de turismo só teria motivos para comemorar. Descontados os últimos resultados (2014-2017), o setor cresceu, em média, 22% ao longo de uma década (2006-2016), com destaque para as regiões Norte e Nordeste.
Otimismo
Já a chefe da Divisão de Inteligência Competitiva da Embratur, Angela Baltazar, procurou devolver o otimismo aos empresários que permaneciam no Centro de Eventos. Representante da autarquia federal responsável por promover os destinos turísticos nacionais, ela defendeu que a hotelaria tem muito potencial para continuar crescendo, já que a América Latina é “a bola da vez” e até mesmo a desvalorização do Real pode ser positiva para o turismo, já que torna o país mais barato e atraente para os turistas estrangeiros.
“Baseados nos dados da OMT [Organização Mundial do Turismo], o que podemos dizer é que o turismo vai continuar crescendo em todo o mundo. Os europeus, os chineses, e tantos outros vão continuar viajando. O que precisamos é saber nos promover. E superar as muitas pautas negativas, já que, quando nos visitam, os turistas estrangeiros se surpreendem positivamente”, disse Angela, destacando que os brasileiros também continuam viajando. “Os aeroportos estão lotados.”