Milhares de pessoas saíram às ruas do país nessa terça-feira (20) para festejar os 62 anos de autonomia. Ex-colônia francesa, a Tunísia conquistou sua soberania em 1956, após a Segunda Guerra Mundial e 25 anos de luta.
Liz Lôbo/ Súsan Faria
Em Brasília, a comemoração foi feita na residência oficial da embaixada daquele país, no Lago Sul. O embaixador Mohamned Hedi Soltani disse que aquela nação percorre hoje a via da democracia em sua concepção mais completa. “A data que comemoramos hoje não é outra senão a obra concebida pelo povo tunisiano para consolidar a edificação do modelo ao qual aspira a Tunísia”, discursou. O diplomata lembrou que a nação africana se prepara para viver, no próximo mês, um novo capítulo: a organização das primeiras eleições regionais.
Na avaliação do embaixador Soltani, a Tunísia de hoje trabalha pela consolidação de suas conquistas e pelo reforço de sua presença no mundo, “com o apoio de seus irmãos, amigos e parceiros; entre eles, notadamente, a República Federativa do Brasil”. Ele destacou que as trocas de visitas de alto nível, o desempenho da Comissão-Mista Tunísia-Brasil e o cronograma das próximas ações são testemunhos dessa parceria.
Já o embaixador e sub-secretário geral da África e do Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, Fernando de Abreu, afirmou que hoje a nova democracia tunisiana é amplamente reconhecida como um vigoroso contraponto ao avanço de ideologias extremistas e às polarizações políticas que têm caracterizado o mundo contemporâneo.
O embaixador Fernando Abreu disse que as relações Brasil-Tunísia se diversificaram com iniciativas nas áreas de saúde, turismo, agricultura e políticas sociais. “O intercâmbio de visitas de alto nível se intensificou marcadamente. Hoje, possuímos com a Tunísia um diálogo baseado na fluidez e confiança mútua”, comentou. O diplomata descreveu sobre o trabalho das missões empresariais e o relacionamento bilateral entre os dois países. A seu ver, o avanço das negociações – voltadas à assinatura dos acordos de Livre-Comércio Mercosul-Tunísia e de Cooperação e Facilitação de Investimentos bilaterias – abre perspectivas positivas para um novo ambiente de negócios entre as duas nações.
Em abril próximo, o embaixador Fernando Abreu disse que irá à Tunísia para fazer consultas ao governo tunisiano. “Esse fluxo intenso de visitas e missões reflete o renovado interesse de nossos dois países para consolidar nova parceria”, afirmou. Embaixadores, deputados, senadores, representantes do Itamaraty; o secretário de Estado da Agricultura da Tunísia, Abdullah Rebhi; o embaixador Ibrahim Alzeben, decano dos Chefes de Missões Árabes; e o embaixador Thomas Sukutai Bvuma, decano do Grupo dos Chefes de Missões Africanas; autoridades árabes que participam do 8º Fórum Mundial da Água em Brasília; e jornalistas também participaram das comemorações da festa nacional da Tunísia, na Capital brasiliense.
Histórico- Logo após se tornar uma república, a Tunísia teve sua primeira constituição, promulgada em 1959. O país é também um dos símbolos da Primavera Árabe e é considerado por muitos como único exemplo de relativo sucesso após a revolta de 2011, já que coseguiu implementar um modelo democrático.
Em 20 de março de 1956, a nação africana ficou independente da França. País do norte da África do Norte é rico em petróleo e possui quase 40% de sua superfície no deserto do Saara. Foi o berço da civilização cartaginesa, localizada às margens do mar mediterrâneo, na divisa com a Líbia e Argélia.
A Tunísia faz parte da Liga Árabe, da União Africana e da Comunidade dos Estados do Sahel-Sahara, entre outras. Sua população em maioria (99%) é mulçumana. É uma nação de tradições e muita história – pelo país passaram primeiro os berberes, dois mil anos Antes de Cristo, depois os fenícios (que fundaram Cartago, perto de Tunis em 814 aC), romanos, vândalos, bizantinos, árabes, espanhóis, turcos e franceses.
A Tunísia tem várias faces geográficas: zona dos Tell, com cadeias montanhosas; zona das Estepes centrais altas e baixas; e o deserto. Possui variada flora e fauna devido à variedade dos microclimas: desertos arenosos, lagos salgados e zonas costeiras com diferentes ilhas. O país tem cultura milenar, herança de diversas civilizações; e turismo forte, com muitas praias e boa rede de hoteleira. Produz petróleo, têxteis, produtos alimentícios e, principalmente, químicos.