João Ricardo Guilherme Zimmer Xavier
During the night of February 25, 1992, ethnic cleansing began in the village of Khojaly, located in the region of Nagorno-Karabakh, a territory recognized internationally as Azerbaijani but controlled by Armenian separatists.
The massacre, considered by many Azerbaijanis, including the most influential leader of the nation Heydar Aliyev (president 1993-2003), as the greatest tragedy in the country’s history was perpetrated by the Armenianmilitary forces, with the support of the 366th Rifle Regiment of Former Soviet Union.
The village of Khojaly, which at that time had about 2500 inhabitants, 20000 before start hostilities, was brutally attacked and destroyed with utmost cruelty, especially considering that they were civilians. During that night and the following day 613 people died among them 106 women and 63 children, more than 1000 were made of hostage, and the whereabouts of 150 is still unknown. An important point to note is that a supposed “free corridor” made by the Armenians for the evacuation of the village was used as a point of ambush for the death of several civilians who tried to escape. The aggressiveness of this invasion was verified by international journalists in the days following the fact. In addition, all cultural and material heritage of the Karabakh Azerbaijanis were destroyed.
The Khojaly massacre was the turning point in the conflict. The conquest of the strategic point in the Karabakh region helped Armenia in subsequent military victories and drastically undermined Azerbaijani morale by intimidating the inhabitants of other nearby villages to flee for fear of being massacred as were the civilians of Khojaly.
The government of Azerbaijan is seeking international recognition of the massacre as a genocide, with the campaign “Justice for Khojaly”, which in addition seeks international support for compliance with United Nations Security Council resolutions 822, 853, 874 and 884 (all during a period in which Brazil held a seat in the Council) that reaffirm the territorial integrity of Azerbaijan and demand the withdrawal of the occupied territories so that a peaceful solution can be restored, in particular to thousands of refugees and internally displaced persons.
With each passing day, a threat of resumption of conflict is widened, and with increasing tensions, the search for peaceful solutions is needed. Understanding the dynamics of conflict is important and remembering the past to prevent such massacres from occurring again.
*João Ricardo Guilherme Zimmer Xavier is Mastere in Political Science – Federal University of Paraná- Specialist in Nagorno-Karabakh and South Caucasus conflicts
26 anos de uma tragédia
Durante a noite do dia 25 de fevereiro de 1992, começava uma limpeza étnica na vila de Khojaly, situada na região do Nagorno-Karabakh, território reconhecido internacionalmente como pertencente ao Azerbaijão, porém controlado por separatistas armênios.
O massacre, considerado por muitos azerbaijaneses, incluindo o mais influente líder da naçãoHeydarAliyev(presidente 1993-2003), como a maior tragédia da história do país foi perpetrado pelas forças armênias, com apoio do regimento de rifles 366 da Ex-União Soviética.
O vilarejo de Khojaly, que naquele momento possuía cerca de 2500 habitantes, outrora com mais de 20000, foi atacado brutalmente e destruído com requintes de crueldade, especialmente considerando que eram civis. Durante essa noite e o dia seguinte 613 pessoas morreram entre elas 106 mulheres e 63 crianças, mais de 1000 foram feitos de refém, e o paradeiro de 150 ainda é desconhecido. Um ponto importante a se ressaltar é o de que um suposto “corredor livre” feito pelos armênios para a evacuação do vilarejo acabou sendo utilizado como ponto de emboscada para a morte de vários civis que tentaram fugir. A agressividade dessa invasão foi verificada por jornalistas internacionais nos dias seguintes ao fato. Além disso, todo patrimônio cultural e material dos Azerbaijaneses do Karabakh foram destruídos.
O massacre de Khojaly foi o ponto de virada no conflito. A conquista do ponto estratégico na região do Karabakh ajudou a Armênia nas vitórias militares subseqüentes e abalou drasticamente o moral do Azerbaijão intimidando os habitantes de outros vilarejos próximos a fugirem com medo de serem massacrados como foram os civis de Khojaly.
O governo do Azerbaijão, tenta o reconhecimento internacional do massacre como genocídio, com a campanha “Justiça para Khojaly”, que além desse reconhecimento busca o apoio internacional para o cumprimento das resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas 822, 853,874 e 884 (todas elas no período que o Brasil ocupava um assento no Conselho) que reafirmam a integridade territorial do Azerbaijão e demandam a retirada dos territórios ocupados para que possa se retomar uma solução pacífica, em especial para milhares de refugiados e deslocados internos desse conflito.
A cada dia que passa, uma ameaça de retomada do conflito é ampliada, e com as crescentes tensões, a busca por soluções pacíficas é necessária. Entender a dinâmica do conflito é importante e lembrar do passado para evitar que massacres como esse ocorram.
*João Ricardo Guilherme Zimmer Xavier é Mestre em Ciência Política pela Universidade Federal do Paraná (UFPR)- Especialista em Nogorno-Karabakh e conflitos do Sul do Cáucaso.