O poder do ítalo-brasileiro e sua valorização pela sociedade de ambos os países
Fabiola Cechinel
No mês em que antecede as eleições italianas de 2018, salientamos a importância de comemorarmos o “Dia Nacional do Imigrante Italiano” que é celebrado anualmente em 21 de fevereiro, a partir de uma lei nº 11.687, de 2 de junho de 2008. A instituição oficial do Dia Nacional do Imigrante Italiano no calendário de todo o território brasileiro é em homenagem à expedição de Pietro Tabacchi ao Espírito Santo, em 1874, marcando assim o inicio do processo de migração em massa dos italianos para o Brasil que tem a maior população com raízes italianas em todo o mundo.
Toda esta movimentação imigratória que se iniciou na Itália durante meados do século XIX e XX partiu dos muitos camponeses italianos que aceitaram os chamados do governo brasileiro para trabalharem nas lavouras do país, principalmente nas regiões sudeste e sul. Hoje, de acordo com dados apresentados pelos Consulados da Itália no Brasil, estima-se aproximadamente 25 milhões de descendentes de italianos vivem em terras brasileiras, onde a população tem, no mínimo, 15% da população brasileira com descendência italiana.
Ressalta-se que a chegada desses imigrantes ao Brasil, nas décadas de 1870, 1880 e 1910 fortaleceu laços econômicos, sociais e culturais entre os dois países. Os que aqui chegavam, vinham de uma Itália que passava por uma crise pós-guerra, e traziam consigo a esperança de uma vida melhor. Em contrapartida, o Brasil necessitava de mão-de-obra, pois após a Abolição da Escravatura – em 1888, os europeus ocuparam as vagas na agricultura brasileira. Pela necessidade, o governo brasileiro fez várias campanhas para atrair os italianos para a lavoura brasileira.
O estado de São Paulo foi o que mais recebeu imigrantes italianos para trabalhar nos cafezais e nas indústrias da capital. No Sul, a concentração maior foi na Serra Gaúcha, fazendo com que a cultura da uva para a produção do vinho se tornasse a principal atividade econômica da região. No ano de 1877, o sul de Santa Catarina recebe um grande número de imigrantes, e através das três maiores colônias instauradas na região, a região se desenvolveu.No entanto, no inicio do século XX, noticias desfavoráveis sobre as condições de trabalho e moradia divulgadas pela imprensa italiana e o controle para com a imigração, feito por Mussolini (1920), fez com que caísse drasticamente a vinda de novos italianos para o Brasil.
Porém os imigrantes que chegavam traziam nas bagagens muitas características culturais que foram sendo incorporadas à cultura brasileira – em especial a língua. Outro fator predominante é a culinária, além, claro, da religiosidade.Os italianos e os descendentes não formam um grupo étnico, mas sim um grupo integrado à sociedade brasileira. Por este motivo, os ítalo-brasileiros se sentem motivados a participarem dos mais diversos momentos que envolvem a Itália. E não seria diferente no período em que precisamos manter unidos também a representação política, onde a cada ano aumenta o número de eleitores orgulhosos de suas raízes. Na última eleição cerca de 250 mil pessoas estavam aptas a exercer o seu direito de voto.
Fabiola Cechinel é Presidente da AITM de Tubarão
Cavaliere della Repubblica Italiana – 2017