Em Cochem, as paisagens são formadas do encontro entre a calma natureza das águas desse afluente do Reno com milênios de história. O castelo de Reischburg é uma das atrações da cidade medieval
Fortalezas, castelos, torres, igrejinhas, cenários congelados no tempo afundados em meio a florestas e vinhedos saltam a cada curva do Mosela, na região alemã da Renânia-Palatinado. São paisagens formadas do encontro entre a calma natureza das águas desse afluente do Reno com milênios de história, por vezes brutal, que se estendem dos assentamentos celtas, romanos e, séculos mais tarde, às construções medievais franco-germânicas.
Diferentemente da França do cardeal Richelieu, para quem, em determinado momento histórico, governar foi destruir castelos, a unificação tardia do Estado Alemão, que só ocorreu após a vitória da Prússia sobre a França, em 1871, preservou a maior parte deles. São naqueles 75 quilômetros que separam Koblenz — onde o Mosela deságua no Reno — de Cochem, que o Vale do Mosela exibe uma de suas facetas mais românticas: seja pela produção de elegantes rieslings nas cercanias de espetaculares castelos implantados em ziguezague nas bancadas do rio, seja pelo prazer de se deixar levar ao gosto das charmosas ruelas de vilarejos medievais.
A partir de Kobern-Gondorf, onde um antigo cemitério de romanos e francônios foi escavado, em 1874, revelando objetos de toda sorte, inclusive armas, muitos burgos saltam ao longo de 35km rio abaixo. A 10 quilômetros dali, o Burg Thurant abre paisagens cênicas do Mosela, de vinhedos e da vila Alken. Construído no século 13, o Castelo de Thurant é o único desse vale com torres gêmeas: os arcebispos de Colônia e de Trier foram coproprietários a partir de tratado de 1218, mantendo, cada qual, residência na metade da propriedade, que tinha entradas independentes.
Só no trajeto de 30 quilômetros que separam Thurant de Cochem, pérola do Vale do Mosela, estão o preservado Burg Eltz — da família Von Eltz, cuja história retrocede ao século 16 —, a primeira fortaleza Burg Ehrenburg — datada de 1120 — e Burg Pyrmont, do século 13.
Entre tantos outros burgos que a história legou à Alemanha, o magnífico Reichsburg, do século 11, instalado sobre o ponto mais alto de Cochem — dos poucos do país completamente reconstruído em seu estilo original após a sua destruição completa — domina e protege a velha cidade. Dele abre-se o mirante sobre o rio, sobre os vinhedos de uvas riesling e sobre o preservado vilarejo medieval.
Assim como muitas das belas localidades desse vale, Cochem — ou Cuchuma, como se chamava — foi colonizada por celtas, depois pelos romanos, antes de ser mencionada pela primeira vez, em 886, em um documento de doação de uma abadia, em suas proximidades. Ruazinhas estreitas, alamedas retorcidas, casas de típica arquitetura com telhados em ardósia, torres, igrejas e muros medievais ainda preservados formam um cenário único, emoldurado pelo Mosela.