Súsan Faria
Fotos: Eliane Loin
Na próxima semana o Catar estará em festa. No dia 18 de dezembro o país comemora o Dia Nacional . A data é considerada o ponto da virada na história do país, quando começou sua jornada rumo à modernidade. Uma ocasião para honrar a história e identidade, e para homenagear aqueles que trabalharam e continuam a trabalhar para fazer do Catar uma grande nação. Hoje o país já é um dos mais ricos emirados do Oriente Médio. Em Brasília, as comemorações foram antecipadas para a última terça-feira(12) com festa no Espaço Porto Vitória. Na ocasião, o embaixador Mohammed Ahmed Hassan Alhayki, fez um balanço do contexto político na região e do crescimento das relações com o Brasil que poderá ter isenção de visto para turistas.
Logo após dar as boas-vindas aos convidados, o embaixador Mohammed Ahmed fez um discurso crítico e contundente, destacando os principais conflitos na região, como a guerra do Iêmen que se prolonga por mais de três anos e provocou a morte de milhares de civis inocentes, a fome e a miséria, onde mais de 600 mil iemenitas sofrem o pior surto de cólera do mundo. “Nossa região passa por mudanças perigosas provocadas por sucessivas crises políticas”, disse o diplomata. A consciência da realidade dos conflitos e mortes nos países árabes, no entanto, não retirou o brilho das comemorações do Dia Nacional do Catar que se realizou em Brasília, na noite de terça-feira, 12 de dezembro, .
Os músicos Mahmoud Al Massri, no debark; e Bernardo Bitencourd, no alaúde, ambos radicados em Brasília, tocaram muitas canções do Catar, antes e durante a festa. A Banda da Polícia Militar do Distrito Federal executou o Hino Nacional daquele país e do Brasil. Dois jovens brasileiros apaixonados pela Catar – os estudantes Júlio César de Freitas, de 13 anos; e Luigi Lombardo, de 11 anos – receberam prêmios e homenagens. Júlio vive em Paulínia (SP) sonha em ser goleiro naquele país, escreveu cartas à Embaixada do Catar pedindo um par de luvas e chuteiras. “Me senti honrado em receber o pedido, um livro e uma carta-surpresa”, disse. Luigi vive em Brasília e venceu um concurso do Colégio Leonardo Da Vinci para escrever sobre um país. “Podia escolher falar sobre a Alemanha, os Estados Unidos, a Indonésia…mas quis estudar e falar sobre o Catar”, explicou.
No Catar fica a mais famosa emissora de TV árabe: Al Jazeera, sediada em Doha, a capital. É considerado um dos países mais ricos do mundo, com muito petróleo, gás e infraestrutura turística invejável: com calçadões quilométricos, hotéis luxuosos e edifícios de vidro e aço exibidos em telão durante a festa daquela nação em Brasília.No Catar, educação e saúde são gratuitas, e obras estão em construção em toda a Capital. E é lá que será realizada a Copa do Mundo 2022.
Contudo, um bloqueio foi imposto ao Catar, em junho deste ano, segundo o embaixador Mohammed Ahmed, acompanhado de uma campanha midiática e diplomática implacável, baseada em mentiras visando asfixiar o país, desestabilizar o seu sistema de governo, com intervenção militar. “Esta campanha de mentiras se mostrou um produto sem valor e sem mercado consumidor. A conspiração fracassou graças a sábia política adotada pela liderança política encabeçada por Sua Alteza Sheikh Tamim Bin Hamad Al Thani”, afirmou o diplomata. Segundo ele, os planos da conspiração foram frustrados, porém ficaram marcas que afetaram os laços familiares, dispersaram famílias, impediram estudantes universitários e bolsistas de prosseguirem seus estudos, após serem expulsos dos países do bloqueio. “A classe empresarial perdeu negócios. Nesse contexto, gostaria de enaltecer a Sua Alteza Sheikh Sabah El Ahmad El Jaber El Sabah, Emir do Estado do Kuwait, visando consertar a fissura e o restabelecimento da estabilidade e da segurança na região”, discursou o embaixador.
Palestina – Mohammed Ahmed comentou a situação da Síria: “esperamos uma solução política para pôr fim ao sofrimento do povo sírio, capaz de garantir que eles vivam em paz, em liberdade e com dignidade”. Sobre o Iraque, destacou que o país sofreu com o terrorismo e a barbárie praticados pelo Estado Islâmico. Disse que apoia todos os esforços em favor da paz, da estabilidade e da segurança na Líbia e lembrou que o sofrimento do povo palestino perdura há mais de 70 anos “de ocupação, confisco de terras, construção de assentamentos, deslocamentos forçosos, barreiras, repressão e violação do direito de estabelecer aquele estado com Jerusalém como capital”. Sobre o Brasil, o diplomata afirmou que as relações cataris-brasileiras atingiram elevados patamares, principalmente com as visitas realizadas por autoridades brasileiras à Doha.
País amigo – O senador Hélio José, que recentemente visitou o Catar, disse que ali viu um país pacífico e amigo do Brasil. “Conheci a TV Al Jezeera. Pude andar por Doha e ver uma cidade progressista, onde há o aproveitamento de 70% de todo o lixo, transformado em energia elétrica e adubo para a produção vegetal. Visitei o Sheikh responsável pela organização da Copa do Mundo de 2022 e vi que o Catar está organizando uma copa exemplar para o mundo. Tenho consciência e certeza de que o povo do Catar é pacífico e que o Brasil se orgulha de ter uma relação diplomática extraordinária com esse país”, relatou.
Já o subsecretário da África e Oriente Médio do Ministério das Relações Exteriores, Fernando Abreu, afirmou que a sociedade do Catar é próspera e aberta ao mundo, em constante renovação,com economia dinâmica e resiliente em face das incertezas e desafios no contexto internacional e regional. “Embora nossos países possuam relações diplomáticas desde 1974, a presente década tem sido profícua em contatos políticos de alto nível. Só em 2017 dois ministros brasileiros visitaram o Catar: Blairo Maggi, da Agricultura; e Raul Jungmann, da Defesa, além de outras autoridades”, disse, lembrando que em 2010, houve visitas de autoridades daquele país ao Brasil e presidenciais brasileiras ao Catar, em 2010 e 2014. Afirmou que em 2018, pretende-se intensificar essas visitas para ampliar o arcabouço jurídico bilateral, que hoje abarca matérias como comissão mista e consultas políticas, de esporte, turismo e isenção de vistos.
História – O Catar é um emirado absolutista e hereditário comandado pela Casa de Thani desde meados do século XIX. As posições mais importantes no país são ocupadas por membros ou grupos próximos da família al-Thani. Em 1995, o xeque Hamad bin Khalifa Al Thani tornou-se emir após depor seu pai, Khalifa bin Hamad al Thani, em um golpe de Estado.
Foi um protetorado britânico até ganhar a independência em 1971. Desde então, tornou-se um dos estados mais ricos da região, devido às receitas oriundas do petróleo e do gás natural (possui a terceira maior reserva mundial de gás). Antes da descoberta do petróleo, sua economia era baseada principalmente para a extração de pérolas e comércio marítimo. Atualmente, lidera a lista dos países mais ricos do mundo pela revista Forbes e de países com maior desenvolvimento humano no mundo árabe. Desde a primeira Guerra do Golfo, tem sido um importante aliado militar dos Estados Unidos e atualmente abriga a sede do Comando Central da superpotência na região.
Com uma população estimada em 1,9 milhões de habitantes, apenas 250 mil são nativos catarianos. Os demais são trabalhadores estrangeiros, especialmente de outras nações árabes (13%), Subcontinente indiano (Índia 24%, Nepal 16%, Bangladesh 5%, Paquistão 4%, Sri Lanka 2%), Sudeste Asiático (Filipinas 11%) e demais países (7%). Também é um dos poucos países do mundo em que seus cidadãos não pagam impostos. Fonte: wikipedia