Súsan Faria/ Liz Elaine Lôbo
Fotos: Eliane Loin
Os embaixadores da Ucrânia no Brasil Rostyslav e Fabiana Tronenko promoveram um encontro de confraternização na sede diplomática, no Lago Sul, em Brasília, no dia 29 de novembro. O casal faz um belo trabalho junto às comunidades ucranianas em todo o território brasileiro. Participam sempre dos eventos promovidos por esses grupos. Dessa vez, receberam amigos da capital para uma noite de agradecimentos.
Na ocasião, o embaixador Rostyslaw Tronenko disse que a festa tinha por objetivo confraternizar as pessoas com quem “teve a honra de trabalhar e interagir, durante o ano que se finda” . Segundo o diplomata, há várias datas que a Ucrânia lembra em novembro, como o quarto aniversário do começo da “Revolução da Dignidade”, assim chamada a revolução.
Uma exposição com posters de fotos está na sala da embaixada da Ucrânia mostrando cenas daquela revolução no país, como a de uma menina abraçando um militar durante a cerimônia de volta de combatentes da Operação anti-terrorista na cidade de Dnipro. São fotos de combatentes, de protestos e de fatos relacionados à revolução, que se iniciou no fim de 2013, com os distúrbios civis ocorridos em Kiev, a capital ucraniana, como parte da série de protestos contrários ao governo local. O conflito se intensificou e conseguiu derrubar o governo do então presidente do país Viktor Yanukovytch. Um novo governo foi instalado na Ucrânia.
Diáspora – O embaixador Rostyslaw lembrou que em novembro há uma data triste na Ucrânia.No último sábado de novembro recorda-se a diáspora ucraniana. “Hoje somos 45 milhões de ucranianos dentro do país e 20 milhões fora dele”, disse. O embaixador explicou que uma das crueldades do regime de Josef Stalin (no comando da então União Soviética) foi “a morte pela fome”, que em dois anos, 1932 e 1933, ceifou 4,5 milhões de vidas inocentes e mais seis milhões de vidas que não nasceram “como consequência desse genocídio e desta barbaridade na Ucrânia”.
Contudo, Rostyslaw destacou que há também fatos a comemorar, exemplificando a presença de empresas ucranianas no Brasil, especialmente na área técnico militar. Alguns empresários ucranianos e diplomatas do Itamaraty estiveram presentes na confraternização.
“Terminaremos este ano com esperança que tudo vai dar certo, tanto para o Brasil como para a Ucrânia, esperança que é a razão do brilho nos nossos olhos, dos vossos olhos e de nossos filhos”, disse o embaixador, que é casado com uma brasileira, a embaixatriz Fabiana Melisse Tronenko, com quem tem uma filha. Segundo Fabiana, hoje um milhão de ucranianos vivem no Brasil e a embaixada acompanha e apoia eventos dessa comunidade.
Os ucranianos estão distribuídos no Norte de Santa Catarina,nas regiões de Canoas e Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, e também em São Caetano do Sul, em São Paulo. No Paraná, Prudentópolis, no Centro-Sul , se destaca sendo “O coração da Ucrânia no Brasil”. Dos 50 mil habitantes, cerca de 70% são descendentes de imigrantes ucranianos que chegaram no século 19. Já os outros 30% são descendentes de italianos, poloneses e alemães.
História – Os primeiros ucranianos virem em grupo ao Brasil foram oito famílias da Galícia Oriental que chegaram em 1891 e fundaram a colônia Santa Bárbara, próximo de Palmeira, situada entre as cidades de Curitiba e Ponta Grossa, – PR. As maiores vindas, no entanto, ocorreram sem dúvida em 1895, 1896 e 1897, quando desembarcaram em terras brasileiras cerca de 20 mil imigrantes. Só em 1895, chegaram nos portos de Paranaguá e Santos, oriundos da Galícia, cerca de 5, 5 mil ucranianos, seguindo daí para os arredores de Curitiba.
Dos que chegaram em 1896, 1,5 mil famílias, ou seja, aproximadamente 8 mil pessoas se dirigiram a Prudentópolis e seus arredores; 800 famílias estabeleceram-se nos arredores de Marechal Mallet e Dorizon; 2 mil imigrantes fixaram-se na colônia de Água Amarela (hoje Antônio Olinto); 80 famílias em Jangada (União da Vitória); 200 famílias procuraram Iracema, região que mais tarde seria anexada ao Estado de Santa Catarina, fundando núcleos coloniais que até hoje subsistem. Nos anos subsequentes, 1897-1899, desembarcaram no Paraná mais 300 famílias ucranianas que posteriormente se fixariam nos estados de São Paulo e Rio Grande do Sul.
Assim, já no início deste século, os ucraniano somavam Paraná cerca de 24 mil imigrantes, sem levar em conta um grande número dos que foram vítimas de epidemias ou pereceram de outros infortúnios.De 1901 a 1907 a imigração ucraniana reduziu seu ritmo. Nestes anos, a média de pessoas que entravam no país, provenientes da Ucrânia, era de 700 a mil por ano. O Estado preferido era ainda o Paraná. Alguns, no entanto, procuraram os Estados vizinhos.
Mais uma onda de imigração em massa deu-se a partir de 1908 até 1914, constituída na sua maioria de povos oriundos da Galícia, motivados pela campanha brasileira que requisitava mão de obra para a construção da Estrada da Ferro São Paulo-Rio Grande do Sul. Vendo nisto uma oportunidade de trabalho, milhares de ucranianos deixaram seu país vindo buscar aqui no Brasil melhores condições de vida e, se possível, terras baratas. Novos núcleos coloniais eram assim formados nos Estados do Paraná e Santa Catarina, bem como no Rio Grande do Sul, tais como: Guarani, Campinas, Ijuí, Jaguari, Erechim.
De um total de vinte mil imigrantes chegados entre 1908-1914, sabe-se que 18,5 mil fixaram residência nos estados do Paraná e Santa Catarina, e os demais foram para o Rio Grande do sul e outros Estados. E assim, a imigração ucraniana no Brasil até 1914, totalizava cerca de 45 mi pessoas.
Após a I Guerra Mundial a imigração voltava a arrefecer-se. Desta vez o declínio era motivado também por razões políticas. De qualquer modo, o número dos que haviam chegado ao Brasil até a II Guerra Mundial não ultrapassou a 9 mil pessoas. Em seguida a esta guerra, ou seja, a partir dos meados de 1947 até 1951, mais de 7 mil imigrantes ucranianos foram registrados em nossos portos, a maioria, desta vez, dirigia-se para São Paulo, não faltando entretanto os que continuavam preferindo o Paraná ou Rio Grande do Sul. Grupos menores também se estabeleciam nos estados de Goiás, Minas Gerais e Rio de Janeiro.
Fonte: https://eparquia.wordpress.com/biblioteca/a-imigracao-ucraniana-no-brasil/