CNI diz a diplomatas de 80 países que acordo Mercosul-UE poderá ser assinado até o fim do ano
Ana Cristina Dib
Brasília – Ao participar hoje (22), no auditório da Confederação Nacional da Indústria, do VII Briefing Diplomático, o diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, Carlos Eduardo Abijaodi, afirmou que o Mercosul e a União Europeia estão mais próximas de fecharem um acordo político até o fim do ano. O evento é o principal mecanismo de interação entre o setor industrial e o corpo diplomático em Brasília e que é realizado duas vezes ao ano, no primeiro e no segundo semestre, desde 2014,
Durante o Briefing, o gerente-executivo de Assuntos Internacionais da CNI, Diego Bonomo, afirmou que o Brasil pela primeira vez, nos últimos 20 anos, está mais dedicado a firmar acordos bilaterais, o que não significa que abandonou a estratégia multilateral. “Somos defensores da Organização Mundial do Comércio”, explica Bonomo.
Segundo Bonomo, o Brasil tem se dedicado à integração regional, por meio da revitalização econômica da agenda do Mercosul e aos acordos com os países da Aliança do Pacífico (Chile, Colômbia, Peru e México). Além disso, iniciou as negociações com os países do EFTA (Suíça, Noruega, Islândia e Liechtenstein) e a CNI defende ainda negociações com os países da América Central e com o Canadá. “Vivemos hoje em busca de acesso a mercados”, destacou o gerente da CNI.
Por sua vez, o diretor de Políticas e Estratégicas da CNI, José Augusto Fernandes, que apresentou um panorama da economia brasileira a mais de 100 representantaes diplomáticos de 80 países, afirmou que o Brasil iniciou um processo de recuperação e, apesar do cenário do próximo ano ainda ser de incertezas no cenário político-eleitoral, os principais indicadores da indústria nos últimos seis meses tiveram melhora.
“A queda da inflação e a redução dos juros representam uma mudança estrutural importante para o Brasil e, ao persistirem, teremos uma mudança muito forte para o sistema financeiro, com oportunidade para novos players no mercado de crédito. Ao persistir esse cenário benigno, teremos uma revolução no Brasil”, garantiu José Augusto Fernandes.
O diretor da CNI explicou que a economia brasileira teve uma recuperação mais lenta, devido ao elevado grau de endividamento das famílias e das empresas, mas esses dois indicadores também estão melhorando. No momento, disse José Augusto, a taxa de investimento também começa a se recuperar lentamente, principalmente pela elevada capacidade ociosa da indústria.
A CNI também defendeu as reformas para a melhora do ambiente de negócios. “Espero que todos os candidatos a 2018 entendam que se a reforma da Previdência for aprovada nos próximos meses, todos poderão começar seus mandatos discutindo outros temas, num ambiente econômico mais favorável”, disse Fernandes.
O Briefing Diplomático é o principal mecanismo de interação entre o setor industrial e o corpo diplomático em Brasília e ocorre duas vezes ao ano, no primeiro e no segundo semestre, desde 2014. É a primeira vez, nestes três anos, que todos os indicadores medidos pela Confederação Nacional da Indústria evoluíram de forma favorável entre todas as reuniões, indicando o fim da recessão.
Ainda de acordo com José Augusto Fernandes, a confiança do empresário industrial alcançou 56 pontos em outubro, acima da sua média histórica, a produção industrial parou de cair e teve leve melhora, a inflação está abaixo do esperado, o risco país passou de 289 pontos para 243 pontos, a intenção de investimentos subiu de 46,5 para 49,6 e o desemprego também caiu.
Lei de imigração – Segundo a Confederação, o Brasil ainda é um país fechado para imigrantes, em especial para mão de obra qualificada. Dados do governo brasileiro mostram que apenas 0,3% da população é composta por imigrantes, um percentual bem abaixo da média mundial de 20%. Além disso, dos mais de 70 mil vistos concedidos em 2016, apenas 4% foram vistos permanentes.
A CNI defende uma legislação com regras claras, simplificadas e desburocratizadas para estimular a entrada de mão de obra qualificada e de investimento de empresas estrangeiras no país. Esses profissionais são necessários para ampliar investimentos em ciência, tecnologia e inovação, além de prestação de serviços. Para a instituição, a ideia é somar e não substituir a força de trabalho nacional.
Para isso, a CNI propõe a facilitação de emissão de visto e reconhecimento de diploma para atrair pesquisadores e cientistas, além de profissionais ligados à assistência técnica de bens importados. A CNI sugere que o empregador que solicitar entrada da mão de obra especializada se responsabilize solidariamente ao exercício profissional do estrangeiro, enquanto o reconhecimento do diploma estiver em curso e que o registro profissional provisório seja aceito até que o registro no conselho profissional seja concedido.
Além da obtenção do visto e do reconhecimento de diploma, os estrangeiros enfrentam demora na emissão do registro nacional de estrangeiros (RNE), carteira de trabalho e previdência social, cadastro de pessoas físicas (CPF), carteira de motorista, processo de prorrogação e transformação de vistos.
(*) Com informações da CNI