Evento na Embaixada da França reuniu especialistas nacionais e internacionais, líderes de opinião e gestores do Ministério da Saúde e da ANVISA
A Embaixada da França no Brasil acolheu no dia 27 de novembro o evento “Resistência Antimicrobiana: Como Mudar o Jogo até 2050”. Palestras e mesas-redondas ressaltaram a importância do assunto e traçaram perspectivas para o futuro.
A resistência antimicrobiana é uma das maiores ameaças à saúde pública global. Estima-se que essa condição seja atualmente responsável por mais de 1,3 milhão de mortes anuais em todo o mundo. Segundo um estudo recentemente publicado*, um total de 1,91 milhão de mortes anuais diretamente relacionadas à resistência antimicrobiana é estimado até 2050. Um aumento de 47% que se deve às dificuldades no diagnóstico, tanto na qualidade quanto na acessibilidade, ao uso inadequado de antimicrobianos e à incapacidade de desenvolvimento de novos tratamentos na velocidade necessária para combater mecanismos de resistência emergentes.
O evento se destaca como uma oportunidade única para fomentar a cooperação entre Brasil e França, ampliando o intercâmbio de experiências bem-sucedidas e fortalecendo iniciativas conjuntas no campo da ciência, da tecnologia e da saúde pública. Os debates abordarão os principais desafios e estratégias para reverter esse cenário até 2050, incluindo:
• O amadurecimento de um sistema nacional de vigilância da resistência antimicrobiana. É necessário integrar os diferentes sistemas de vigilância epidemiológica da resistência antimicrobiana, infecções relacionadas à assistência à saúde e de carga de doenças infecciosas, possibilitando tomada de decisão estratégica e formulação de políticas públicas.
• O papel central do diagnóstico no combate à resistência antimicrobiana. Estudos mostram que a utilização adequada de diagnósticos pode reduzir o uso desnecessário de antibióticos entre 22% e 36%, sem comprometer a segurança do paciente, uma vez que testes diagnósticos rápidos e precisos permitem a implementação de terapia antimicrobiana guiada mais precocemente.
• Fortalecimento da gestão de antimicrobianos. Serão discutidas recomendações para incorporar estratégias de diagnóstico e uso racional de antimicrobianos nas diretrizes clínicas e Planos de Ação Nacionais, visando otimizar o uso desses recursos.
• Colaboração público-privada na pesquisa cientifica. A importância de parcerias entre governos, academia e indústria para gerar dados robustos que embasem políticas públicas e ampliem o acesso ao mercado para soluções custo-efetivas em diagnóstico e terapia antimicrobiana.
Este encontro reflete, segundo a Embaixada da França, o compromisso de promover uma resposta coordenada e eficaz à resistência antimicrobiana, conforme recentemente ratificado na Declaração assinada no decorrer do G20 – WHA77.6 sobre Resistência aos Antimicrobianos, alinhado às melhores práticas globais e à necessidade de soluções inovadoras para os desafios de saúde do século XXI.