Entidades voltam a condenar os ataques de Israel e pedem um cessar fogo na guerra. O governo libanês diz que 2.350 pessoas já morreram e mais de 11 mil ficaram feridos.
O Conselho dos Embaixadores Árabes e a Liga Árabe no Brasil promoveram na manhã desta quarta-feira (16) uma coletiva de imprensa quando detalharam a Declaração do Conselho em apoio ao Líbano diante da agressão israelense, desde 20 de setembro. O Embaixador da Liga Árabe no Brasil, Quais Marouf Kheiro Shqair, destacou a importância em encontrar uma solução para o cessar-fogo, não só no Líbano, como em toda a região, incluindo a Palestina.
Em sua fala, Shqair abordou, com ênfase, a necessidade de se exigir o cumprimento das Resoluções das Nações Unidas relativas ao tema e o respeito de princípios ao direito internacional e à legitimidade internacional representada pela entidade para estabelecer a paz na região e para dar um basta à tragédia humanitária que perdura no Oriente Médio.
George El Jallad, Encarregado de Negócios da Embaixada do Líbano no Brasil, destacou que o terrível conflito país é uma guerra contra a soberania e integridade territorial libanesa. “As forças de Israel estão promovendo um massacre contra a população civil, onde tudo acontece diante da inação da comunidade internacional para encerrar as atrocidades e as flagrantes violações do direito internacional e humanitário por parte de Israel”, afirmou.
Na visão de Jallad, a situação crítica no seu país que todo o mundo está presenciando deve-se à impunidade de Israel por suas contínuas violações de todos os princípios internacionais. “Desde que as forças israelenses iniciaram o massacre em Gaza, mais de 42 mil civis perderam suas vidas e as atrocidades contra os palestinos persistem há mais de um ano sem um esforço real da comunidade internacional para que cessem”.
Para Jallad, por não ter sofrido a consequência internacional, Israel decidiu lançar uma ofensiva contra o Líbano, tentando invadi-lo pelo Sul e atacando a população civil em todas as regiões, incluindo o norte. Segundo ele, para atingir seus objetivos, o país sionista vem atacando estruturas civis, áreas populosas, hospitais, jornalistas, mulheres e crianças.
ONU – O Líbano já pediu ao Conselho de Segurança da ONU o cessar fogo e cumprimento da Resolução 1.701 [uma resolução que pretendia resolver a Guerra do Líbano de 2006]. A resolução é considerada a primeira linha de defesa para o Líbano e uma obrigação para a comunidade internacional pela proteção de sua soberania, estabilidade e segurança. “Esse é o caminho”, disse o embaixador da Liga Árabe, Qais Shqair.
O encarregado de negócios, Jalld, destacou ainda que mesmo os funcionários, postos e forças de paz da ONU não foram poupados desses últimos ataques. “Profissionais de saúde foram alvejados intencionalmente, impedindo que salvassem as vidas dos feridos com uso de armas proibidas internacionalmente contra alvos civis. A agência da ONU para refugiados (Acnur) afirmou que cerca de 25% de toda a população do Líbano está sob ordem de evacuação de Israel.
As alegações de autodefesa, de acordo com Jallad não cabem, são, ao contrário, ações criminosas que caracterizam crimes de guerra e contra a humanidade. Para o diplomata, neste caso, a autodefesa não se aplica quando uma entidade segue ocupando um território que não é seu, e nem quando insiste em violar o espaço aéreo, marítimo e as fronteiras terrestres de outro país.
“O Governo do Líbano sempre demonstrou sua total conformidade com a resolução 1701 do conselho de segurança como forma de encerrar a guerra e decidiu recrutar soldados libaneses para enviar para o sul, apesar da severa crise econômica enfrentada pelo país”, afirmou Jallad.
“Unidos pelo Líbano” – O Encarregado de Negócios finalizou seu discurso agradecendo entidades brasileiras pelos esforços em prol da estabilidade da paz no Oriente Médio e à comunidade árabe, especialmente à diáspora libanesa, e às suas instituições, que têm trabalhado duramente para ajudar o povo do Líbano, e a todos os brasileiros que apoiaram diversas iniciativas, como a “Unidos pelo Líbano”, lançada na Embaixada em Brasília.
O Presidente da Federação das Associações Muçulmanas do Brasil – FAMBRAS, Mohamed Hussein El Zoghbi foi quem tomou a iniciativa da ação para apoiar o país. Ele explicou que a UPL – Unidos pelo Líbano, foi criada há quatro anos em solidariedade à crise humanitária que afeta o Líbano, tendo como objetivo arrecadar fundos exclusivamente destinados à compra de medicamentos essenciais para os que enfrentam dificuldades extremas.
El Zoghbi informou, em sua apresentação, que além da iniciativa para arrecadar medicamentos, foi promovida também uma campanha de alimento que arrecadou aproximadamente 30 toneladas que já chegaram à nação libanesa. “Recentemente, a aeronave KC-30, levou ao Líbano a quarta carga de donativos brasileiros, com 1.400 cestas básicas e 6.900 embalagens de medicamentos diversos arrecadados pela UPL”, afirmou.
O projeto de repatriação dos libaneses por parte do governo brasileiro também foi mencionado pelo presidente da Fambrás. Há cerca de 3 mil brasileiros registrados na Embaixada do Brasil em Beirute. Até agora, cerca de mil foram repatriados, sendo necessário haver mais voos para resgate dos brasileiros na região. Segundo ele, até o momento, já foram repatriadas mais de mil pessoas que vieram dessa região.
“O governo brasileiro, através da ABC, Agência Brasileira de Cooperação, e as embaixadas, tanto a Embaixada do Líbano em Brasília, quanto a Embaixada Brasileira em Beirute, tem feito um trabalho exemplar, que é receber essas doações e fazer chegar a quem tem necessidade”, explicou ressaltando que se o aeroporto fechar será necessário encontrar outra forma de resgate.
O Embaixador da Liga Árabe no Brasil, ao final da coletiva, anunciou que nesta sexta-feira (18) o conselho se reunirá com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira e na próxima semana com os presidentes da Câmara e do Senado. “Não sabemos precisamente quantos voos serão precisos.