Embaixador Lawrence Manzi lembra tragédia ocorrida há três décadas, tirando a vida de mais de um milhão de pessoas.
O embaixador de Ruanda no Brasil, Lawrence Manzi, comemorou, nesta segunda-feira (29), na casa de festa Villa Rizza, em Brasília, o Kwibohora, evento que marca o dia em que o Exército Patriótico Ruandês interrompeu o genocídio contra os Tutsi. A tragédia, ocorrida há 30 anos, no país africano, causou a morte de um milhão de pessoas, em três meses. Em 4 de Julho, o Exército Patriótico Ruandês, sob a liderança de Paul Kagame, pôs fim a este massacre e significou a libertação nacional.
Em seu discurso, o embaixador Lawrence Manzi, lembrou que o Exército/Frente Patriótica de Ruanda herdou um país em total ruína. Prestou homenagem aos ruandeses, a maioria dos quais eram mulheres e homens jovens, na altura, que deram tudo de si para pôr fim ao genocídio e libertar o Ruanda.
Manzi enfatizou que a libertação foi guiada pela visão de uma sociedade melhor.” A luta de libertação procurou construir um país adequado para todos, com uma governança baseada no povo, sem divisões étnicas, corrupção, pobreza e integrado dentro e na região”, explicou. Segundo o embaixador, os ruandeses estão felizes com o quão longe avançaram em direção aos objetivos pós genocídio, enfatizando que sua nação cresce rumo a uma classe média emergente, crescendo em confiança e ambição, buscando oportunidades educacionais, econômicas e sociais, paz e estabilidade.
O embaixador Manzi destacou ainda que Ruanda continuará trabalhando com países com ideias semelhantes, como o Brasil, para defender reformas dos Sistemas de Governança Global para garantir uma governança global mais justa e equitativa; incluindo as reformas do CSNU, da Reforma das Instituições de Bretton Woods (FMI e Banco Mundial) e do G20, a fim de tornar estas organizações mais inclusivas e representativas do mundo de hoje. “Acreditamos que a força que temos juntos é maior que a soma das nossas riquezas divididas”, afirmou.
Manzi, enfatizou também que é de interesse mútuo entre as nações, expandir a cooperação em vários setores de interesse comum, incluindo o comércio e o investimento, a agricultura, a educação, as TIC, a saúde, a proteção do ambiente, a luta contra as alterações climáticas, a defesa e a segurança, e a harmonização de posições sobre questões internacionais.
Há quatro meses no Brasil, o embaixador de Ruanda, Lawrenci Manzi, em seu discurso, sublinhou que, além das celebrações do Kwibohora e da independência ruandese, existem outros três motivos pelos quais comemorar. O primeiro, “a escolha inequívoca nas eleições eleitorais com a reeleição do Presidente Paul Kagame; o segundo, por Ruanda ainda será o primeiro país do mundo com maioria feminina no parlamento, que aumentou para 64% na Câmara dos Deputados, e o terceiro a grande votação dos ruandeses residentes no Brasil.
Itamaraty – “O Dia da Libertação simboliza a estabilidade e a paz da nação. Hoje, a unidade permite que todos se envolvam livremente nos seus negócios e atividades diárias. O progresso de Ruanda constitui um farol de esperança e resiliência, tornando-o um modelo para muitos países, disse o representante do Itamaraty, o Diretor do Departamento de África e Oriente Médio do MRE, embaixador Antônio Augusto Martins César. Em sua fala, o diplomata destacou que desde 1994, Ruanda tem mostrado que, para construir uma sociedade mais justa, um país deve unir-se e não esquecer as dificuldades do passado, para nunca mais as repetir.
Em outubro passado, foi assinado, a respeito das relações diplomáticas bilaterais, o Tratado sobre Transferência de Pessoas Condenadas e o Acordo sobre Isenção Mútua de Vistos para titulares de passaportes Diplomáticos, de Serviço e Oficiais, informou o representante do Itamaraty. Segundo César, este ano, foi aprovado um projeto de decreto legislativo que viabiliza ações de cooperação econômica, comercial, de investimentos, cultural e de turismo com Ruanda. O documento estabelece um marco legal para a operação de serviços aéreos entre os dois países, com o objetivo de fortalecer os laços de amizade, entendimento e cooperação.
O diplomata brasileiro finalizou seu discurso reiterando que o governo brasileiro está pronto para “trabalhar em conjunto em prol da cooperação bilateral e impulsionar o comércio; ser parceiros em projetos de desenvolvimento; partilhar a experiência no combate à insegurança alimentar; construir um sistema de saúde universal e desenvolver a agricultura”. Brasil e o Ruanda mantêm laços diplomáticos desde 1981.