“Modular Ocular”, do renomado artista Cisco Jiménez,é inaugurada na embaixada mexicana
As comemorações dos 190 anos do estabelecimento das relações diplomáticas entre o México e o Brasil, deram início na Embaixada do México, com a abertura, no dia 29, da exposição “Modular Ocular”, do renomado artista mexicano Cisco Jiménez. O projeto apresenta obras realizadas ao longo de 22 anos e se trata de pinturas e desenhos sobre telas dobráveis e de fácil transporte. O evento aconteceu no Espaço Cultural Alfonso Reys, na sede da Chancelaria em Brasília. O próprio artista Cisco Jiménez interagiu com as pessoas presentes no evento e explicou como a obra é inspirada em suas experiências no Brasil. Parte da exposição é integrada por bordados sobre tela.
As palavras iniciais foram dadas pelo Encarregado de Negócios da Embaixada, Alejandro Ramos Cardoso; seguidas pelas do Ministro Marco Antonio Nakata, Diretor do Instituto Guimarães Rosa, representando o Ministério das Relações Exteriores do Brasil; e do próprio Cisco Jimenez.
Alessandro Ramos Cardoso disse que o ano de 2024 é especial e que, sem dúvida, deixará uma marca indescritível na história dos laços intensos e fecundos que unem o México e o Brasil. “Hoje, comemoramos a feliz circunstância que em 1834 nos levou a estabelecer oficialmente relações diplomáticas bilaterais, quando Duarte da Ponte Ribeiro apresentou as suas Cartas Credenciais como o primeiro Encarregado de Negócios do Brasil no México. Os primeiros contatos, porém, datam de 1822, no início das nossas vidas como nações independentes”, disse.
Explicou que em 1922, ou seja, há um pouco mais de 100 anos, o Ministro mexicano de Educação Pública da época, “José Vasconcelos entregou o primeiro presente a uma nação do nosso continente, a estátua do Cuauhtémoc, para comemorar o centenário da Independência do Brasil. O Imperador asteca ainda hoje está erguido na praça Cuauhtémoc no Rio de Janeiro”.
Outra estátua, a do antigo Deus asteca Xochipilli também chegou até o Jardim Botânico da cidade maravilhosa, pelas mãos do destacado escritor e diplomata mexicano, Alfonso Reyes, em cuja honra foi criado o Espaço Cultural que hoje leva o seu nome e que estamos prestes a visitar. Reyes foi Embaixador do México no Rio, entre 1930 e 1936.
O Encarregado de Negócios lembrou que em dezembro de 2023, foi lançado o Dual, uma iniciativa que inclui um conjunto de atividades nos dois países no campo da cooperação cultural. “O Ano Dual promove ainda uma maior aproximação e sinergia entre os dois países, desencadeando uma harmonia social para os nossos povos, gerando uma força de integração na região latino-americana da qual fazemos parte”, prosseguiu o diplomata.
Finalizou afirmando que 190 anos após o estabelecimento das relações diplomáticas, o México e o Brasil se identificam como dois países fortes e aliados com interesse mútuo em fortalecer ainda mais os profundos laços políticos, econômicos, socioculturais e de amizade duradoura que dão vida a esta relação entre as nações amigas. “Que nossas vontades continuem se encontrando para que possamos continuar sonhando e construindo um futuro ainda mais promissor para esta indispensável relação bilateral”.
O Diretor do Instituto Guimarães Rosa, Ministro Marco Antonio Nakata, destacou que o Ano Dual Brasil-México simboliza não apenas quase dois séculos de interações diplomáticas, mas também a rica troca cultural que tem florescido entre nossas nações. “O desenvolvimento deste projeto, tão importante de nossas diplomacias culturais, tem intensificado essas trocas, promovendo eventos, exposições e iniciativas conjuntas que destacam o melhor de nossas culturas”, acrescentou.
Já o artista Cisco Jiménez explicou que a exposição cabe em uma caixa de 90 centímetros, e que o título da mostra “Ocular Modular” se refere “à capacidade humana de olhar e compreender o mundo e poder criar módulos intercambiáveis que possam gerar ideias e pensamentos sempre numerosos e com a possibilidade de se transformar constantemente”.
Segundo Jiménez, o mundo, em sua constante mudança, não permite alusão a conceitos absolutos uma vez que tudo parte de um ponto de vista diferente do outro. “As ideias viajam e as imagens podem se dobrar ou enrolar, se reproduzir ou se intercambiar”.
Ele explicou, em sua fala, que parte da exposição é integrada por bordados sobre tela, realizados em colaboração com Hortência Donites, oriunda de um povo originário do estado de Guerreiro, que se chama Palos Altos, e de Ana Domingues, esta, proveniente de uma tribo indígena, que se chama Puentepec, no estado de Morelos. “Estas mulheres artesãs se atreveram a ir mais além da criação habitual que fizeram por gerações, criando uma fusão de arte contemporânea e as artes populares, como o bordado doméstico”, concluiu.
A exposição “Modular Ocular” pode ser visitada na sede da embaixada, de 2ª a 6ª feira, das 9h às 17h, até 29 de julho.