Resultados provisórios anunciados neste domingo (31) são rejeitados pela oposição que tem até dia 05 para contestar
Félix Tshisekedi foi reeleito Presidente da República Democrática do Congo (RDC) ao conseguir 73,34% dos votos de acordo com resultados provisórios anunciados este domingo, 31 de dezembro, pela Comissão Nacional Eleitoral Independente (CENI). A conclusão do pleito foi rejeitada pela oposição que denuncia um “golpe de Estado” e apela à mobilização da população. Em seu primeiro mandato a economia cresceu e durante a sua campanha de reeleição, Tshisekedi prometeu criar milhões de novos empregos.
“Foi eleito, de forma provisória, o candidato número 20, Félix Antoine Tshisekedi Tshilombo”, anunciou o presidente da Comissão Nacional Eleitoral Independente Congolesa (CENI), Denis Kadima, a partir do centro de contagem, em Kinshasa.De acordo com os resultados provisórios, Félix Tshisekedi foi reeleito para um segundo mandato de cinco anos com 73,34% dos votos. O chefe de Estado cessante está à frente do antigo governador da província de Katanga Moïse Katumbi (18,08%) e de Martin Fayulu (5,33%).
A vitória de Félix Tshisekedi foi celebrada na sede de campanha do candidato em Kinshasa, onde Tshisekedi dirigiu uma mensagem aos congoleses: “fui reeleito Presidente de todos os congoleses. Vou exercer este segundo mandato com espírito de abertura”, afirmou. “Rejeitaram com convicção todas as tentativas de sabotar estas eleições. Levantaram-se, superaram as vossas vulnerabilidades e dificuldades. Dirigiram-se às mesas de voto mostrando uma paciência excepcional para escolher livremente os vossos dirigentes, mas também para evitar que o país caia num caos provocado por inimigos da nossa paz e prosperidade, cujos planos macabros apostam na ingenuidade do povo congolês”, afirmou.
Os principais candidatos da oposição não reconhecem os resultados. Numa declaração conjunta Moïse Katumbi, Martin Fayulu, Denis Mukwege e outros seis candidatos consideram os resultados como uma “farsa”, exigindo a organização de um novo escrutínio. “Somos contrários, de maneira categórica, a este simulacro de eleição”, denunciam os nove candidatos de oposição. “Pedimos ao nosso povo que, a partir da proclamação desta fraude eleitoral, proteste em massa nas ruas”, acrescentaram.
Depois da publicação dos resultados oficiais, o candidato da oposição, Martin Fayulu, denunciou um “golpe de Estado” e apelou à mobilização da população. “O senhor [presidente da comissão eleitoral] Kadima e a CENI deveriam ter vergonha. Todos sabem que o senhor Tshisekedi Tshilombo não pode, em nenhuma circunstância, ganhar eleições manipuladas, como acontece de forma sistemática na RDC. Rejeito estas eleições fraudulentas e os resultados fraudulentos da CENI”, afirmou Martin Fayulu, pedindo que o povo congolês não aceite “este novo golpe de Estado”. “É preciso resistir, como exige o artigo 64 da nossa Constituição”, concluiu o candidato da oposição. Os candidatos têm até dia 5 de janeiro para recorrer ao Tribunal Constitucional e contestar os resultados anunciados pela CENI. A taxa de participação nas eleições presidenciais foi de 43,23%. Dos 41,7 milhões de eleitores esperados, 18 milhões participaram no escrutínio.
Relação com o Brasil – O mandatário do país africano quer estreitar laços com o Brasil. Em agosto, o presidente do país dono da segunda maior floresta tropical do mundo e grande exportador de minérios, veio ao Brasil a convite do presidente Lula para participar da Cúpula da Amazônia. Durante o encontro bilateral os mandatários conversaram sobre a ampliação das relações comerciais e nas áreas de Educação e Ciência e Tecnologia entre os dois países.
O presidente da RDC destacou a necessidade de o país ampliar a agricultura para garantir a segurança alimentar, desestruturada por anos de guerra civil e pela concentração das atividades econômicas na mineração. Por sua vez, o residente brasileiro apresentou a Tshisekedi projetos sociais que podem ser replicados no país africano.
Fonte: RFI