Kiev “já percorreu bem mais de 90% do caminho”, mas ainda faltam algumas reformas vitais, diz líder europeu
O dirigente ucraniano Volodimir Zelenski admite que conflito em Gaza tirou o foco de seu país, mas nega “impasse” nas frentes de batalha. Zelenski, recebeu neste sábado (04/09) a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que realizou uma viagem não anunciada a Kiev para tratar da adesão da Ucrânia à União Europeia (UE) e reiterar o apoio do bloco europeu ao país.
Von der Leyen afirmou em discurso no Parlamento ucraniano que Kiev já cumpriu a maior parte dos requisitos para se tornar um Estado-membro da UE, bem mais do que se podia esperar de um país em guerra. “Eles já percorreram bem mais de 90% do caminho até lá”, ressaltou.
Ela avaliou que a Ucrânia vem realizando amplas reformas visando a entrada no bloco europeu e elogiou os esforços contra a corrupção no país. Von der Leyen, no entanto, ressaltou que ainda faltam algumas etapas consideradas fundamentais por Bruxelas para a futura adesão, como a criação de leis voltadas para atividades de grupos de interesses e lobbies e regulamentações mais rígidas sobre declarações de bens.
Na próxima quarta-feira, a presidente da Comissão Europeia apresentará um relatório sobre os avanços das reformas ucranianas, que servirá de base para as decisões dos líderes da UE quanto ao possível início já em dezembro do processo da adesão da Ucrânia ao bloco. Há poucos meses, o país formalizou sua candidatura, mas os 27 Estados-membros ainda não concordaram de maneira unânime com o início das negociações.
Os sete critérios essenciais para essa próxima etapa incluem a reforma do processo de seleção para os juízes da Suprema Corte e novas medidas de combate à corrupção, especialmente nos escalões mais altos do poder. A UE exige ainda que Kiev cumpra requisitos referentes ao combate à lavagem de dinheiro e aprove uma lei para impedir o excesso de influência dos oligarcas.
Zelenski nega “impasse” nas frentes de batalha – O líder ucraniano negou neste sábado que a guerra com a Rússia tenha chegou a um impasse, e pediu ajuda aos aliados para reforçar a defesa antiaérea do país. No dia anterior, o comandante-em-chefe das Forças Armadas Ucranianas, o general Valery Zaluzhnyi, disse em artigo publicado na imprensa que o conflito se move para uma fase de combates estáticos e de atrito, que poderia permitir a Moscou uma chance de reforçar seu poder militar.
O dirigente ucraniano, no entanto, disse que “o tempo passou e as pessoas estão cansadas, mas isso não é um impasse”. Ele reconheceu as dificuldades da guerra, que já chega ao 21º mês, e os obstáculos para seu Exército atingir maiores êxitos em sua contraofensiva. Entretanto, ele diz que suas tropas não têm alternativa a não ser seguir lutando. As forças ucranianas obtiveram progressos lentos na contraofensiva iniciada em junho. Contudo, as tropas russas foram duramente atingidas no Leste do país.
Em seu último relatório, o Exército ucraniano mencionou ganhos importantes em algumas regiões na província de Donetsk e informou que suas forças continuam a avançar rumo ao Mar de Azov, no sudeste do país. Zelenski avaliou que o fato de os olhos do mundo estarem voltados para a guerra entre Israel e o Hamas na Faixa de Gaza alimenta as esperanças russas de que tirar o foco das atenções na guerra na Ucrânia.
Ele, porém, disse que seu país está pronto para enfrentar esse desafio, e que a Ucrânia já atravessou momentos difíceis em que não esteve no centro das atenções. “Sempre conseguimos lidar com essa situação”, sublinhou.
Fonte: Revista Planeta