Odd Magne Ruud anunciou que o país desbloqueou quase R$ 4 bilhões do Fundo Amazônia neste ano e condiciona o envio de novas doações a resultados melhores no combate à destruição do meio ambiente no Brasil. De acordo com o diplomata, o foco do governo norueguês tem sido o avanço das tecnologias verdes, almejando aumentar em 50% as exportações até 2030.
O governo norueguês apresentou, no dia 13, por meio do embaixador Odd Magne Ruud, em entrevista coletiva para jornalistas, na sede diplomática, as propostas do país com o Brasil para este ano. Energia sustentável, transparência e direitos humanos estão entre os objetivos para projetos bilaterais. No evento, o embaixador Odd Magne Ruud falou das possibilidades de cooperação entre as duas nações no que diz respeito à transição verde. A Noruega é um dos principais doadores do Fundo Amazônia e condiciona a liberação de mais recursos ao resultado efetivo do combate ao desmatamento na região.
Segundo Magne, a transição cria novas possibilidades de colaboração entre a Noruega e o Brasil, já que ambos os países “se preparam para passar para uma economia baseada em petróleo e gás para uma economia verde.” Para o embaixador, o Brasil é um parceiro “importante, estratégico e duradouro” para a Noruega, tanto no que diz respeito a investimentos e comércio, quanto, cada vez mais, a questões relacionadas ao setor energético.
Odd Magne falou ainda sobre a retomada do Fundo Amazônia, para o qual a Noruega fez a maior doação, de R$1 bilhão. O embaixador disse que o país está “extremamente satisfeito” com o restabelecimento do Fundo. “A reabertura possibilitará acesso a recursos muito necessários para apoiar uma mudança de política notável no combate ao desmatamento e em direção ao desenvolvimento sustentável”, declarou.
“Esses números foram reportados como ruins também na Noruega. Mas não dá para fazer avaliação concreta nesse momento. Ainda há grandes expectativas em relação ao governo Lula quanto a parar o desmatamento”, disse em encontro com jornalistas na embaixada da Noruega. O diplomata disse também que a Noruega ficou “extremamente satisfeita” com o restabelecimento do Fundo Amazônia, a partir de um decreto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
O Brasil atingiu no primeiro trimestre deste ano o segundo pior índice de desmatamento na Amazônia desde 2016. Os dados são do sistema de alertas do Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), órgão do Ministério da Ciência e Tecnologia.
Para integrantes da diplomacia norueguesa, os dados servem de previsão do cenário, mas ainda são insuficientes para afastar o Brasil de novas doações do Fundo. Há expectativa para divulgação das informações consolidadas no fim deste ano. Maior doadora do Fundo Amazônia, o governo norueguês anunciou que buscará mais recursos para o Brasil
Visita do ministro – No dia 22 de março, o ministro do Clima e Meio Ambiente norueguês, Espen Barth Eide, em visita ao Brasil, foi recebido pela também ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima Marina Silva. Eide disse que seu país ajudará o Brasil a buscar mais doadores para o Fundo
O Fundo Amazônia foi uma invenção brasileira, um modelo que nós gostamos muito e que foi desenvolvido durante o governo anterior do presidente Lula. Nós gostaríamos de continuar nesse projeto — afirmou o ministro norueguês , para quem o compromisso do governo brasileiro em proteger a floresta amazônica é “inquestionável”.
O Fundo Amazônia foi criado em 2008, para captar doações para investimentos não reembolsáveis em ações de prevenção, monitoramento e combate ao desmatamento e na conservação e uso sustentável da Amazônia Legal. Foi congelado em junho de 2019, quando o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro aboliu unilateralmente o conselho de supervisão fiscal. Durante o período de operação, foram financiados 102 projetos.
Atualmente, o fundo conta com R$ 3,1 bilhões. A Noruega é o principal doador, com 93,3% do total, seguida por Alemanha (6,2%) e a Petrobras (0,5%).
Marina Silva lembrou que existem 14 projetos prontos a serem retomados. Ela destacou atividades em bioeconomia, segurança alimentar, proteção aos indígenas e combate ao desmatamento. “Novos projetos serão aprovados e outros serão apresentados “ afirmou a ministra.
Declaração – Os dois ministros leram uma declaração em que se comprometeram a aumentar a cooperação, o financiamento público e privado e os investimentos de uma ampla gama de fontes. As discussões devem envolver não apenas o desmatamento na floresta, mas também no mercado de carbono como um todo.
“Por meio do Memorando de Entendimento bilateral de 2008, a Noruega apoiou o Fundo Amazônia, que se tornou modelo para várias outras parcerias bilaterais. Nos anos seguintes, o Brasil continuou a alcançar uma redução notável do desmatamento na Amazônia e apresentou um dos mais importantes resultados de mitigação climática do mundo”, disse, em nota, o MMA.
A Embaixada da Noruega foi sede também do encontro do Ministro com outras autoridades, com a ministra Guajajara e lideranças indígenas, o senador Jaques Wagner, entre jornalistas profissionais e o embaixador Odd Magne Ruud.