Súsan Faria
Foto: Eliane Loin
O presidente da Câmara dos Deputados, deputado Rodrigo Maia (DEM/ RJ), que nasceu em Santiago, no Chile, como fez no ano passado, prestigiou a festa nacional daquele país, em Brasília. Maia, que responde interinamente pela Presidência da República, disse ter certeza de que as relações entre o Brasil e o Chile estão avançando e que precisam progredir mais para que “possamos ter um continente da América do Sul que avance nas relações com outros países”.
O embaixador Jaime Gazmuri Mujica garantiu que os dois países se esforçam para o crescimento das relações bilaterais.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, também este presente ao evento. A cerimônia festiva, com comida típica, foi na quarta-feira (20), na Embaixada do Chile.
Rodrigo Maia contou sua história: “meu pai – o ex-prefeito do Rio, César Maia – foi exilado, se casou com minha mãe chilena”. Afirmou estar muito feliz por representar o carinho e a amizade do povo chileno e também dos brasileiros com sua mãe, avó e tias: “as três vieram parar no Brasil, minha mãe no Rio, as outras em Salvador e em Recife”.
O embaixador Jaime Mujica enfatizou os laços profundos que unem as duas nações e os avanços políticos, econômicos, comerciais, científicos e tecnológicos. O diplomata destacou ainda que brasileiros e chilenos possuem “uma simpatia mútua e espontânea”. “As relações entre o Brasil e o Chile são antigas e sempre foram próximas. Não só como do Estado, como também dos seus povos, seus intelectuais, artistas, líderes políticos e cidadãos comuns”, afirmou.
Economia em crescimento – Comemorado no dia 18 de setembro, o Dia Nacional do Chile é a festa popular mais importante do calendário chileno, em que festejam a independência do país, quando em 1810 foi criada a primeira junta de governo em Santiago. No dia 19 de setembro também daquele ano, José Miguel Carrera criou o Exército do país e a partir de então na data os chilenos homenageiam as forças armadas. Em Brasília, as festividades começaram com a Banda de Música Dragões da Independência executando o Hino Nacional do Brasil e Hino Nacional do Chile, seguido de um minuto de silencio pelas vítimas do terremoto do México.
“É um momento de afirmação de nossa identidade, do encontro com a nossa história, com seus momentos de luzes e sombras, e um momento de renovação das esperanças no futuro”, afirmou o embaixador Jaime Mujica. Segundo ele, desde a recuperação da democracia em 1989, o país viveu um longo período de estabilidade política, de crescimento econômico e constante progresso social. O embaixador mostrou dados: a economia chilena crescerá 2% este ano; e as previsões para 2018 são de 3% a 3,5%. A população que vive sob a linha da pobreza diminuiu de 38,6% em 1990 para 11,7 em 2017.
“O pesadelo legado pelas sistemáticas violações aos Direitos Humanos foi enfrentado sob os princípios da verdade, justiça, reparação e reconciliação”, explicou o diplomata, ressaltando que os julgamentos dos infratores foram realizados por tribunais independentes. Ainda de acordo com o embaixador, o governo de Michelle Bachelet promoveu um ambicioso programa de reformas, que tem como eixo fundamental a luta contra as desigualdades.
Corredor terrestre – As relações bilaterais do Chile com o Brasil avançam. Na área científico-tecnológica, foi feito acordo com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) para financiar pesquisas dos dois países. Em agosto deste ano, os governos chileno e do Estado de São Paulo assinaram protocolo de entendimento para parceria estratégica em diversos campos. Está sendo construído também um corredor terrestre para unir a Região Centro-Oeste do Brasil, com o Chaco paraguaio, o Norte argentino e os portos do Norte do Chile, segundo o embaixador, lembrando que para isso foi assinado acordo entre presidentes dos quatro países, em 2015, em Assunção, Paraguai.“Os investimentos do Chile no Brasil não pararam, apesar da recessão econômica. Também esperamos receber meio milhão de turistas brasileiros”, afirmou Jaime Mujica.
Já o embaixador Carlos Márcio Cosendey, subsecretário geral de Assuntos Econômicos e Financeiros do Ministério das Relações Exteriores do Brasil, disse que o chanceler Heraldo Muñoz, Ministro de Relações Exteriores do Chile, deve vir este ano à Brasília participar da reunião inaugural do Mecanismo 2 + 2, que é o reflexo do dinamismo da relação bilateral, que reúne ministros das Relações Exteriores e de Defesa dos dois países. Destacou que o Brasil é o principal parceiro comercial do Chile, na América do Sul; e o Chile por sua vez é o nosso segundo parceiro comercial na região. “Temos todo o comércio liberalizado. Há também crescente aproximação entre a Aliança do Pacífico e o Mercosul”, afirmou.
Durante as festividades comemorativas à Data Nacional do Chile, em Brasília, estiveram presentes, além do presidente em exercício Rodrigo Maia, embaixadores, parlamentares e representantes das Forças Armadas dos dois países e autoridades do Corpo Diplomático. Foram servidas as tradicionais empanadas, sanduíches, ostras, frango no palito e vinho chileno.