A pianista Jennifer Heemstra já mostrou seu talento em vários países do mundo e considera a música uma forma de unir as diferentes culturas e idiomas. Nenhum dele, no entanto, tocou seu coração como o Brasil onde até já desfilou no Carnaval. A artista também deixou sua marca em comunidades carentes em várias partes do mundo como a Índia. Para ela, a “música deve ser de alta qualidade e acessível”.
Heemstra já organizou concertos e se apresentou em mais de cem eventos na Índia, setenta e dois eventos culturais nos EUA e cinquenta e seis eventos no Oriente Médio e Ásia Central. Agora está expandindo sua série de concertos internacionais para o Brasil, visando oferecer apresentações gratuitas para o público, master classes para jovens músicos e serviços sociais para pessoas carentes. Leia abaixo a entrevista exclusiva que a artista americana concedeu para a Agência Embassy de Comunicação.
Por que decidiu morar no Brasil?
Mudei-me para cá há um ano e amo a cidade, as pessoas e a cena cultural. O Brasil é um país vibrante com uma mistura fantástica de culturas e música. Eu amo a música brasileira e os artistas com quem encontrei para trabalhar aqui são fantásticos. De desfilar no Carnaval até se apresentar em palcos ao redor de Brasília, já formei relacionamentos e memórias que durarão uma vida inteira.
Como você define o público brasileiro?
O público que já apresentei no Brasil são destaque. Todos com quem falo em seus eventos estão interessados em aprender mais sobre a música que ouvem. Os brasileiros parecem adorar música. Gosto de explorar a música brasileira e fiz parcerias com muitos artistas brasileiros – as violinistas Cristiane de León e Luciana Caixeta e a artista visual Jaqueline Marafon para citar alguns. O público aqui é muito receptivo a coisas novas. Mesclar arte visual com música clássica não é comum, mas o público que Jacqueline e eu apresentamos para desfrutar da fusão
O que a música significa para você?
Prefiro música romântica, especialmente a música de Rachmaninov e Brahms. Recentemente descobri os compositores brasileiros Henrique Oswald, Chiquinha Gonzaga e Francisco Mignone. Eu gostaria de ter aprendido sobre eles no início da minha carreira. Acho que a música deve ser de alta qualidade e acessível. Além disso, acho muito importante apresentar as peças do palco, dar contexto e compartilhar fatos interessantes sobre o compositor para que o público tenha uma apreciação mais profunda da música. As pessoas gostam de aprender sobre as peças nos meus shows.
A música também serve como uma forma de unir culturas e línguas. É uma maneira de conectar as pessoas, não importa o seu passado. Por exemplo, no nosso Atlas Trio, Marjona Khasanova (violoncelista), Cristiane de León (violinista) e todos nós viemos de diferentes culturas, países e falamos línguas diferentes, mas através da música trabalhamos juntos para criar um evento incrível.
Na Índia, eu usava música para alcançar comunidades carentes. Mulheres e crianças presas na prostituição e alunos da primeira geração vieram aos meus eventos e viram um mundo de esperança e possibilidade. Essa janela de música aberta é o primeiro passo para convencer as pessoas de que elas têm outras opções além da vida que seus filhos estão vivendo atualmente.
Você já faz parte de alguma orquestra?
Não, agora não sou membro de uma orquestra. Gosto de trabalhar com orquestras e já toquei com muitas, como a Orquestra do Presidente do Tajiquistão e a Ópera de Cleveland (EUA). Sou apaixonada por música de câmara, como o show no Iate Clube, em Brasília. Gosto da intimidade de trabalhar em um pequeno conjunto e conhecer todos os músicos em um nível pessoal.