Súsan Faria
O embaixador do Peru, Vicente Rojas Escalante, abriu na noite do dia 12 de setembro a exposição “A Herança e a Indagação dos Enigmas”, do artista peruano Pedro Caballero, no Centro Cultural Banco do Brasil, no Setor de Clubes Sul.
A mostra pode ser visitada até 15 de outubro, de terça a domingo, das 9h às 21h, com entrada franca. Na próxima sexta-feira, 15 de setembro, às 19h30, Pedro Caballero fará palestra sobre arte no CCBB.
“Na obra de Pedro Caballero está a alma dos peruanos, alma que está de Norte a Sul no país”, disse o embaixador. Na sua avaliação, o Peru e o Brasil são herdeiros de um rico e amplo acervo cultural, resultado da mestiçagem das diferentes civilizações do mundo em terra sul-americana. “A mostra pictória deleita-nos com uma singular e colorida combinação do ancestral ao contemporâneo”, disse embaixador.
Ao apresentar a obra, o crítico de arte Augusto Chimpen destaca que Caballero sempre inova, muda e surpreende o expectador. “Seus quadros dão a sensação de serenidade, longevidade e sentimentalismo”, comenta.
Já o gerente geral do CCBB, Cloves Henrique Nogueira, destacou a importância dos quatro Centros Culturais do BB, que abrigam manifestações culturais de qualidade e com acessibilidade. Disse que o CCBB de Brasília abrigou este ano cinco grandes mostras de arte, além de palestras, shows e exibição de filmes.
Embaixadores e representantes do corpo diplomático de Brasília estiveram presentes na abertura da exposição que teve um coquetel servido pelo restaurante Taypá Sabores del Peru, com comidas e bebidas típicas, como o famoso Pisco Sour (aguardente com leve sabor de canela), o Ceviche tradicional, o Lomo Saltado e o Aji de Gallina, além da sobremesa Suspiro a la limeña, com churros. O chef Carlos Artica comandou o buffet.
Pedro Caballero fala sobre sua obra
A mostra de Pedro Caballero compõe-se de 39 quadros de tons fortes, começando pelas Embalajes, caixas cobertas por cordas; e outros como Luz de Verano, Crestas e Luz Crisácea, quase sempre em mais de um plano e formatos geométricos. O artista brinca com a abstração, a figuração e o realismo dentro da mesma obra.
Peruano de Cajabamba, Cajamarca, Caballero tem 63 anos, já expôs na Austrália, Chile, México, Israel, Aústria, Equador, EUA, Colômbia, Volívia, Bélgica, França, Itália, Brasil e Canadá, além das várias galerias do Peru. Estudou e graduou-se na Escola de Arte de Lima e posteriormente viajou para a Europa e realizou seus estudos em museus e galerias de Paris e Madri. Em entrevista à Revista Embassy Brasília, Caballero fala sobre Brasília e arte. Veja:
Revista Embassy Brasília – Como o senhor se sente expondo suas obras em Brasília?
Pedro Caballero – é a segunda vez que estou em Brasília, graças à intervenção da Embaixada do Peru. Sinto-me muito satisfeito, porque venho como artista mostrar o que faço. É uma oportunidade de o público conhecer a cultura peruana, por meio do que estou fazendo.
Qual a impressão de Brasília?
Sempre soube que Brasília havia sido criada por pessoas muito inteligentes, como Lúcio Costa. É uma cidade modelo, bem planificada. O feito de sediar as embaixadas em um setor, por exemplo, significa que há uma ordem na planificação da cidade.
Fale-nos sobre as influências do Peru em suas obras?
Há uma parte criativa. O homem cria e rompe estereótipos. Como pintor, tenho de não queimar etapas. No passo a passo, crio o caráter de minha obra. Do Norte, temos a cultura da costa marinha… Temos no Peru a cultura Paracas, a Chancay, antes da cultura Inca. Observo a cultura de onde viemos. Sou um pouco tradicional. O Brasil também tem zonas culturais. Se eu fosse brasileiro, como artista eu iria analisar as origens dessa cultura, a interpretaria e lançaria uma arte particular.
O senhor trabalha com múmias, como é isso?
É a série “Los Enigmas”, em homenagem a cultura Paracas que tem mais de 2.500 anos de antiguidade, possui toda uma história, é espetacular…existe a parte medicinal, a parte como enterravam seus mortos, os fardos enrolados nas múmias….Quando vemos essa série temos ideia de que há um personagem de fato ali.
Como avalia a arte plástica peruana?
O nível da qualidade dos artistas peruanos é bom. São necessários os incentivos das entidades estatais, particulares e do próprio artista. Sou uma pessoa de desafios, faço projetos.
O senhor tem exposto em muitos países?
Sim, mas agora quero ir à África e ver o que posso resgatar dessa cultura que é muito ampla e rica.