Por Rachel Alves Nariyoshi
A embaixada de Portugal em Brasília programou várias atividades para integrar a ampla programação cultural dedicada à comemoração dos “50 anos do 25 de abril”, celebrando o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.
A primeira atividade foi a exibição do filme “Operação Angola”, um documentário de 115 minutos dirigido por Diana Andringa que aborda a fuga, em junho de 1961, de 60 estudantes das então colônias portuguesas, para escapar da repressão pela polícia política, juntando-se aos movimentos de libertação.
Em 1974, ao derrubarem uma ditadura que vigorava há quase meio século em Portugal, os Capitães apresentaram um Programa que tinha como eixos a “Descolonização”, a “Democratização” e o “Desenvolvimento”. Esse gesto teve um impacto que transcendeu as fronteiras nacionais. Depois de mais de uma década de lutas, os militares iniciaram um processo que iria levar à concessão da independência aos antigos povos coloniais e iniciaram a democratização de Portugal.
Para celebrar “50 anos do 25 de abril” e suas conquistas, “2024 será um ano de partilha, de debate e de festa, dentro e fora das portas das embaixadas”, esclareceu a Acadêmica da Academia Internacional de Cultura (IAC), Aneris Alves dos Santos.
A segunda atividade foi a exposição “Revoluções: Guiné-Bissau, Angola e Portugal (1969-1974)”, do fotojornalista Uliano Lucas, no Museu Nacional da República, e “Arte no Jardim”, na Embaixada de Portugal em Brasília.
A terceira atividade foi uma degustação de vinhos dirigida pelo Senhor Frederico Falcão, presidente da Vini Portugal, com 8 vinhos para um seleto grupo de convidados, entre os quais eu estava incluída.
Com o slogan: “Celebre um mundo de diferenças”, os vinhos degustados, de fato, são diferentes. Cada um de distinto terroir, elaborado de diferentes castas e, consequentemente, apresentando diferentes características. “E é isso que faz um vinho português ser diferente: uvas autóctones, diferentes climas e solos”, diz Frederico Falcão.
Portugal é um país com uma impressionante diversidade de uvas, incluindo 250 autóctones, muitas das quais são únicas e oferecem características distintas aos seus vinhos de alta qualidade. Esses, por sua vez, são sempre blends, cortes e quase nunca varietais, especialmente na região do Douro e no Alentejo. Muitas outras variedades internacionais, como Cabernet Sauvignon, Syrah, Merlot e Chardonnay, também são cultivadas em Portugal, mas geralmente em menor quantidade e sempre, como dito acima, para serem usadas em cortes.
Os vinhos apresentados foram criteriosamente selecionados e cada um revelou particularidade característica da região que foi elaborado. São eles: Aveleda Loureiro e Alvarinho, branco da região de Vinhos Verdes; Mateus Dry Selection, Rosé da região de Bairrada; Textura da Estrela tinto da região do Dão, Crasto, tinto da região do Douro; São Sebastião Reserva, tinto da região de Lisboa; Taboadella Reserva Jaen, da região do Dão; Dona Ermelinda Reserva, tinto da Vila Portuguesa Palmela; Tapada do Chaves Reserva tinto da região do Alentejo.
O Senhor Frederico Falcão explicou detalhadamente cada região, cada vinho servido e cada uva que elaborou os vinhos. Portugal é o terceiro maior país em número de uvas cultivadas, perdendo para Geórgia e Itália. Falaremos sobre as uvas, começando pelas uvas tintas: Touriga Nacional, considerada a uva tinta mais nobre de Portugal e essencial na produção dos vinhos do Porto e do Douro; Touriga Franca, outra uva importante no Douro; Tinta Roriz ou Aragonês, também conhecida como Tempranillo na Espanha, é amplamente cultivada em Portugal e contribui com estrutura e complexidade aos vinhos; Baga; Trincadeira; Castelão (Periquita) e Alfrocheiro. Das uvas brancas: Alvarinho, cultivada principalmente na região de Vinho Verde, conhecida por vinhos aromáticos, com alta acidez, notas cítricas e minerais; Arinto; Fernão Pires (Maria Gomes), a uva branca mais plantada no país; Encruzado: Antão Vaz; Loureiro e tantas outras.
Enólogos criativos e produtores experientes fazem a combinação perfeita nos cortes dos vinhos de diferentes uvas, levando o comércio de vinho a ser um “setor estratégico para a economia portuguesa”. Destaque para o Brasil que é o maior mercado importador de vinhos portugueses, sem incluir o vinho do Porto; e a França o maior mercado importador em volume, influenciado pelo vinho do Porto. Isso representa quase 10% das exportações alimentares do país gerando 928 milhões de euros em exportação de vinhos.
Agradecemos à Embaixada de Portugal em Brasília pela oportunidade, parabenizamos pela seleção dos vinhos degustados na Master Class e desejamos mais 50 e tantos anos do 25 de abril. @rachelalves.professoravinhos