Uma nação autossuficiente em alimentos e energia, com políticas públicas para os jovens. Assim a embaixadora Lorena Martínez definiu a Nicarágua em seu discurso, durante a festa de comemoração da vitória do Movimento Sandinista, na sede diplomática, na última sexta-feira (19/7). “A revolução foi uma luta heroica de meu povo e é uma fase importante em nossa história recente”, lembrou Martínez.
A embaixadora falou do papel que alguns países, como a Venezuela, Cuba e Brasil, tiveram na reconstrução da Nicarágua. Martínez lembrou o envio de profissionais brasileiros que ajudaram na alfabetização no país. “A Campanha Nacional de Alfabetização reduziu para 12% a taxa de analfabetismo já em 1980”, destacou. A diplomata mencionou também os recentes conflitos no país. “Temos avançado muito. No ano passado, sofremos uma nova escala de desestabilização, queriam interromper o processo e novos avanços, porém, não conseguiram”, afirmou.
A chefe da diplomacia também anunciou a criação de políticas aos mais jovens. “O governo está trabalhando em uma estratégia para a proteção, a segurança e a vida das crianças e jovens”, afirmou Martínez. Disse também que o governo está elaborando novas regras que garantam proteção e protagonismo às mulheres nicaraguenses e destacou a autossuficiência energética e alimentar do país. “Produzimos 92% dos alimentos que consumimos”, destacou.
História – A Revolução Popular Sandinista, celebrada todos os anos, lembra o movimento recente pela democracia na Nicarágua. A luta teve início em 1927 pelas mãos de um grupo de artesãos e agricultores liderados por Augusto César Sandino. Os guerrilheiros lutavam contra a presença dos Estados Unidos no país e, em 1933, expulsaram os fuzileiros navais americanos da Nicarágua. Um presidente foi eleito, mas acabou sendo derrubado pela família Somoza, que instalou a ditadura no país. Sandino foi morto no ano seguinte pela guarda nacional da Nicarágua, controlada pelo ditador Anastásio Somoza García, e assim nasceu o movimento Sandinista em sua memória.
Após quatro décadas de conflitos, o movimento Sandinista assumiu o poder da Nicarágua, em 1978. O fim do apoio dos Estados Unidos ao regime, que enfraqueceu a ditadura da família Somoza, ajudou na ascensão dos Sandinistas. A ditadura de quatro décadas na Nicarágua deixou vários mortos e milhares de cidadãos sem moradia, levados a se mudar para países vizinhos. Áreas inteiras foram completamente destruídas, a economia do país quebrou e a dívida externa subiu. Uma junta composta por militantes sandinistas, políticos independentes e coordenada pelo atual presidente da Nicarágua, Daniel Ortega, foi criada e deu os primeiros passos para a reconstrução do país.